A Seleção Nacional venceu este sábado a congénere do Irão por 2-1 e apurou-se para os oitavos de final do Campeonato do Mundo de Sub-20. A seleção iraniana entrou no encontro praticamente a vencer, mas o conjunto nacional conseguiu uma reviravolta no marcador e o apuramento para a próxima fase. Talento e muito coração foi o segredo por trás desta vitória.

Era obrigatório vencer para seguir em frente. Este era o cenário que a equipa de Emílio Peixe encarava antes da partida frente ao Irão.

Consciente dessa necessidade, Portugal entrou no jogo praticamente com uma clara oportunidade de golo, a melhor em todo o primeiro tempo. Passe magistral de Diogo Gonçalves- o grande agitador do ataque da seleção das quinas nesta partida- a isolar José Gomes que no frente a frente com Shahab Adeli, permitiu a defesa ao guarda-redes iraniano.

Na resposta, o Irão chegou à vantagem por intermédio de Reza Shekari, após canto no lado esquerdo do ataque iraniano. No lance imediatamente anterior, Diogo Costa tinha negado o golo do Irão. No entanto, nada conseguiu fazer para travar o cabeceamento do número dez iraniano que apareceu completamente só na zona do primeiro poste para abrir o marcador.

Para este jogo, Emílio Peixe tinha efetuou cinco alterações em relação ao empate com a Costa Rica. E, foi com essa mão cheia de novidades no onze, Ferro, Florentino, Pedro Delgado, José Gomes e André Ribeiro que Portugal foi atrás do apuramento. Com uma montanha para escalar, diga-se.

O Irão remeteu-se à sua zona defensiva e praticamente não deu espaços à equipa nacional. Grande dificuldade em construir em zonas adiantadas e em chegar perto da baliza adversária, com muitas passes errados e decisões precipitadas à mistura. A única excepção, foram as iniciativas de Diogo Gonçalves que procurava em lances individuais resolver aquilo que o coletivo demonstrava ser incapaz de conseguir.

Perante a incapacidade de Portugal em criar situações de perigo e com o tempo a contar, o selecionador nacional lançou Xadas para o lugar de Miguel Luís à meia hora de jogo. E Portugal começou a crescer na partida. Começou, sobretudo, a usar a meia distância como arma, alicerçada no pé esquerdo do médio do Sp. Braga. Ainda assim, foi de uma carambola na entrada da área que surgiu a derradeira oportunidade no primeiro período para o conjunto português.

Este resultado atirava Portugal para fora do Campeonato do Mundo. Mas é caso para dizer que na limitação revela-se o mestre. Neste caso, revelou o talento, a inspiração e a alma dos jogadores portugueses.

Apuramento com direito a cambalhota no marcador

E o intervalo fez bem a Portugal. A equipa surgiu tranquila, muito mais intensa e a empurrar o Irão à entrada da sua área. E começou a criar situações de golo em catadupa. Diogo Dalot – uma espécie de locomotiva no corredor direito –  deu o mote com um remate forte para defesa do guarda-redes iraniano. E Portugal igualou a contenda aos dez minutos do segundo tempo.

Canto cobrado por Xadas na direita, má abordagem ao lance de Shahab Adeli a socar a bola para a frente, onde apareceu Diogo Gonçalves a rematar em arco para o poste mais distante. Vantagem anulada e mais de trinta minutos pela frente para procurar o apuramento.

José Gomes voltou a ter, desta feita na cabeça, a oportunidade de atirar Portugal para a frente do marcador mas falhou redondamente o cabeceamento. O relógio caminhava para o final, e o Irão, como que em pezinhos de lã, foi tentando aproximar-se da baliza à guarda de Diogo Costa.

Num desses raros momentos, o sonho de seguir em frente poderia ter terminado. Tudo porque o árbitro assinalou grande penalidade a favor do Irão, por pretensa mão na bola de José Gonçalves. Posteriormente, o árbitro recorreu ao vídeo-árbitro e anulou a decisão inicial. Tudo isto num espaço de dois minutos, saliente-se.

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A última cartada do selecionador nacional no encontro, revelou-se decisiva para o desfecho vitorioso das cores nacionais. Portugal procurava concretizar a reviravolta no marcador, mas a clarividência escasseava. Acabou por ser uma mistura de sorte e talento individual a proteger a equipa mais audaz e que mais tentou chegar à vitória.

Coube ao último jogador a entrar, Xande Silva, assumir o papel de herói, a meias com um defesa iraniano. Arrancada no corredor direito do jogador do Vit. Guimarães, cruzamento para o interior da pequena área com a bola a desviar em Nima Taheri e a entrar na baliza do Irão.

Cambalhota no marcador consumada e festa portuguesa em Incheon. Até ao final, a Seleção Nacional não se livrou de um susto após um desvio de cabeça de Aref Gholami mas foi capaz de conservar a magra vantagem.

Portugal conseguiu a primeira vitória nesta edição do Mundial, a última seleção europeia a consegui-lo. Mas ainda a tempo de garantir o segundo lugar do Grupo C e o apuramento para os oitavos de final, com lágrimas de Emílio Peixe durante os festejos.

Segue-se, na próxima terça feira, a Coreia do Sul.