A disparidade dos números entre o futebol de antigamente e o actual, já se sabe, é enorme. Para além do factor natural da valorização do escudo, é uma evidência o crescimento do investimento no desporto-Rei. Dos tostões passou-se para os milhões e torna-se até banal dizer-se que os clubes perdem a cabeça e gastam muito mais do que deveriam. 

Mesmo assim, vale a pena continuar a abordar alguns aspectos marcantes do passado «futebolês» no nosso país, sempre em euros. Certos episódios marcantes, catalisados pelo correr dos anos e convertidos à nova moeda. 

Tão célebre como caricata foi a cena em que Vítor Baptista perdeu o brinco após ter marcado um grande golo ao Sporting em mais um clássico da Luz. Em 78, o avançado já era mais do que temível e um dos valores nacionais, mas também era conhecido pela sua dosa de loucura. O episódio foi explicado na altura e na primeira pessoa: «Custou-me 7501 euros e tinha-o comprado numa ourivesaria no Porto. Ainda prometi dinheiro aos putos para que mo procurassem, mas aquilo deve ter ficado enterrado na relva por alguma pisadela». Delicioso. 

7182 pelas Antas e 2743 por Pedroto 

Já esquecido na memória do tempo, mas relevante no seu tempo, foi António Santos, interior-direito do F.C. Porto. Tratou-se de um dos jogadores fundamentais para a conquista dos três primeiros títulos em competições de clubes portugueses a nível nacional: os campeonatos da Liga de 34 e 35 e da I Divisão, em 39/40. Ganhava, então, menos de 5 euros2 por mês, uma vitória em casa rendia meio euro3 e fora o dobro4

Quase dez anos mais tarde, no Natal de 1949, os dragões davam um passo importante na sua história, adquirindo os terrenos onde começou a ser construído o Estádio das Antas por 7182 euros5. Dois anos depois, um bilhete para um jogo normal custava 106 cêntimos. 

O clube continuava a crescer e, já com o Estádio das Antas erigido, começou a brilhar uma nova estrela no futebol português. Pedroto era um dos mais cobiçados jogadores a nível nacional, nomeadamente pelas excelentes exibições com a camisola do Lusitano de Vila Real de Santo António ¿ por destacamento militar. Daí mudou-se para o Belenenses por 124 euros7 e em 55 protagonizou o maior contrato já alguma vez feito no Portugal de então: 24948 euros. 

É claro que estes números foram sucessivamente suplantados ao longo dos anos e já depois de o F.C. Porto ter quebrado o jejum de 19 anos sem conquistar qualquer título, desforrando-se num bi-campeonato efusivamente comemorado, Arsénio Rodrigues Jardim (mais conhecido por Seninho) mudou-se para os americanos do Cosmos, em 79, por uma autêntica fortuna: 99759 euros9

Soluções:

1 - 150 contos

2 - 1000 escudos

3 - 100 escudos

4 - 200 escudos

5 - 1440 contos

6 - 20 escudos

7 - 25 contos

8 - 500 contos

9 - 20 mil contos