À nascença, Figo não traria etiqueta, mas a rótulo de «melhor», notável ou absolutamente brilhante grudar-se-ia a próprio aos primeiros pontapés. Começou, obviamente, por ser o melhor da rua dele. Mais tarde, bom de mais para o Sporting. Depois, o melhor estrangeiro em Espanha, o melhor assistente da Liga, o melhor jogador do Real Madrid, o melhor extremo-direito do Euro 2000... Foi ainda «Bola de Ouro», ou seja, o melhor da Europa para a revista francesa «France Football» e, por fim, o «Jogador do Ano», distinção atribuída pela FIFA desde 1991.  

Figo podia então comparar-se a Zidane, que lhe «roubara» o prémio em 2000, a Ronaldo, Romário ou Mathaeus. E os portugueses, orgulhosos, quase na pele do génio, podiam festejar novamente, pouco mais de dois meses volvidos sobre a qualificação para o Mundial de 2002 e da notícia de que Portugal ascendera ao quarto lugar do ranking da FIFA, onde antes nunca pusera os pés. 

Um dia depois das eleições autárquicas, com inegáveis surpresas em Lisboa e Porto, vinte e sete dos 130 seleccionadores que participaram na eleição do «Jogador do Ano» votaram Figo para o primeiro lugar, 35 citaram-no para segundo e dez para terceiro. Beckham e Raul foram suplantados, Rui Costa atingiu o 12º lugar. O italiano Trapattoni e o irlandês McCarthy entenderam que o português do Milan é o melhor do Mundo e nomearam-no para a primeira posição. 

Joseph Blatter, presidente da FIFA, e Jorge Sampaio, presidente da República, gastaram elogios com Figo, que se confessaria «orgulhoso dos jovens portugueses» e «feliz por ter sido um português a ganhar», o que teria soado muito melhor se o tivesse dito em português, em vez do castelhano articulado durante a cerimónia.