Os jogadores do Benfica passaram o ano num «black-out» envergonhado. Ou, como diria Malheiro: «Os profissionais de futebol com vínculo contratual ao Sport Lisboa e Benfica efectivamente consideram não ser este o momento oportuno para entabularem conversações passíveis de ser impressas em letra de forma ou difundidas pela comunicação social.» 

O presidente Manuel Vilarinho, quando chegou ao clube, no final de 2000, disse que já tinha falado muito na campanha e que se ia calar daí para a frente. Não é que tenha cumprido à risca, mas, valha a verdade, tem evitado aparições frequentes. Luís Filipe Vieira aparecia de vez em quando, normalmente num qualquer aeroporto do mundo, mas não variava muito o discurso: que o estavam a minar, que o agarrassem senão ia-se embora. Toni falava, sim, enquanto lá esteve. Mas só do próximo jogo, e do que passou, e que as outras equipas também eram fortes, e que eram onze para lado. Aquelas coisas de treinador.  

Mas para que era preciso ouvir as pessoas que trabalham no Benfica, se estava lá o porta-voz? Perdão, o director de comunicação. João Malheiro e a sua voz cava não deixam ninguém sem resposta. Mesmo que não digam nada. Todos os dias, com hora marcada, mas também fora de horas, se as suas palavras puderem contribuir para que o Sport Lisboa e Benfica alcance os seus desideratos. No processo de substituição do treinador também não nos deixou ficar mal. «Projecto como provável para amanhã uma definição relativamente à questão do treinador do Sport Lisboa e Benfica», disse. E no dia seguinte lá estava, a anunciar Jesualdo Ferreira. «O professor Jesualdo Ferreira assume definitivamente o comando técnico da equipa do Sport Lisboa e Benfica». Quem consegue imaginar o ano de 2002 sem Malheiro?