O ano foi simpático para o léxico do futebol e alargou-o, enriquecendo-o com um termo cuja pronúncia é suficiente para provocar um súbito ataque de urticária em treinadores e jogadores. Ao esférico, ao segundo poste, às bolas paradas, aos lances laboratoriais e às faltas cirúrgicas, 2001 juntou a nandrolona, expressão que os portugueses aprenderam a associar a Fernando Couto, suspenso ao longo de cinco meses, depois de uma análise positiva num controlo antidoping. 

O fenómeno nasceu em Itália, onde foram detectados os primeiros casos, envolvendo nomes sonantes como os de Edgar Davids e Fernando Couto. Os de Stam e Guardiola seriam denunciados mais tarde, já depois de Frank De Boer, em Espanha, ter inflacionado a lista de famosos e alegados consumidores de nandrolona. 

A estranha e súbita fonte de estranheza, perplexidade e discussão não pouparia Portugal, onde seriam detectados 31 casos entre a I e a II Liga, com uma curiosa concentração de análises positivas no final da época, a envolver figuras como Laelson e Marco Almeida, curiosamente ambos jogadores do Campomaiorense à altura dos controlos. 

A nandrolona é, por definição, um esteróide anabolisante, administrado com o objectivo de fortalecer a massa muscular e, por consequência, uma substância ilícita, sendo, igualmente, uma hormona masculina que o organismo pode produzir fisiologicamente. E porque estudos revelam que 11 por cento da população mundial apresenta registos de nandrolona muito próximos dos valores limite previstos pelos regulamentos médicos, o fenómeno gerará ainda farta discussão científica.