Quem disse que um homem não tem preço? Talvez por ser uma espécie de deus terrestre, Zinedine Zidane tem. Catorze milhões de contos, sensivelmente, foi o que o francês custou ao Real Madrid, o autor da loucura e um dos intérpretes da mais cara transferência de toda a história do futebol, mais dispendiosa ainda do que o atribulado percurso de Figo de Camp Nou para o Santiago Bernabéu, que um ano antes custara aos «merengues» menos 1,8 milhões de contos. 

O acto tresloucado, um crime hediondo aos olhos do comum mortal, foi cometido a 5 de Julho. Discrectamente, Florentino Perez e Jorge Valdano, presidente e director-geral do Real Madrid, escaparam num jacto privado para Turim, onde os aguardavam Luciano Moggi, director-geral da Juventus, Roberto Bettega, vice presidente da Juve, e António Giraudo, administrador da sociedade que gere o futebol da «Vecchia Signora».  

Em Itália, numa reunião surpresa, os cinco cúmplices acertaram, com valores e regalias absurdamente principescos, a transferência faraónica de Zidane, que não chegou a envolver a cedência de Flávio Conceição à Juventus, proposta pelos espanhóis, na intenção de reduzir o montante a dispender pela aquisição do francês. 

O site do jornal espanhol «Marca» desvendaria, no próprio dia, todos os contornos do crime, cuja autoria Florentino Perez confirmaria dias mais tarde, com uma surpreendente revelação à mistura: com os juros das prestações a pagar à Juventus ao longo de três anos e cerca de 640 mil contos em comissões, a transferência de «Zizou» custará ao Real Madrid mais de 15 milhões de contos.  

A 5 de Julho, o Real podia juntar na mesma equipa os dois jogadores mais caros do Mundo: o francês Zidane e o nosso Figo.