Argel não tem dúvidas - o Benfica foi claramente superior ao Sporting e merecia ter vencido. «Se o resultado ficasse em 3-0 não era surpresa para ninguém. Como se diz no Brasil, demos chocolate no Sporting. Mandámos no jogo de princípio ao fim e podíamos ter dado dois ou três.»

Para o central brasileiro, a exibição do Benfica provou que a equipa tem qualidade, servindo para calar alguns críticos. «O Sporting não viu a cor da bola. Jogámos futebol, demos uma aula, uma lição de como se deve jogar, de pé para pé, fazendo a bola rolar, sem sermos agressivos», explicou.

«Mostrámos ser uma equipa confiante, madura, com experiência, contra um público de 40 mil pessoas. Se alguns críticos punham em dúvida a capacidade do Benfica, hoje mostrámos ser uma grande equipa.»

No discurso do central brasileiro, para além da revolta com a arbitragem, notou-se também a revolta com as pessoas que consideram o Benfica uma equipa sem capacidade.

«Sofremos uma pressão muito grande. Jogar no Benfica não é como nos outros clubes, mas aguentámos tudo. Antes do jogo a crítica dizia que o Sporting era favorito, e eu reconheço isso, o Sporting vai ser campeão, não precisa é de ser ajudado. As pessoas têm de entender uma coisa: por mais que no Brasil o Corinthians esteja a arrastar-se, quando há um Corinthians-Palmeiras tudo é diferente. Todos os críticos deram o Sporting como favorito mas num derby não há favoritos. Fomos melhores do princípio ao fim. O Benfica contratou jogadores de qualidade, com passado, com pedigree, que já ganharam grandes títulos. Estes jogadores não são pernas de pau, são conhecidos mundialmente. »

Argel, aliás, deixa um alerta para a próxima época. O central brasileiro lembrou que «é preciso tempo para montar a equipa», dizendo que foi isso que faltou esta época. «É preciso continuidade na equipa. Se fosse a directoria renovava já o contrato da comissão técnica e de todos os jogadores por mais um ano. Se querem manter a equipa trazia só mais dois ou três jogadores. Se querem só um time , que é meter onze lá dentro, mandem 15 embora e contratem 15.»

Nessa linha de pensamento, Argel afirmou que em Alvalade o Benfica mostrou que «tem uma equipa, não um time». «Nestes jogos é que se vê o grande jogador, o grande atleta. Não tememos ninguém, só se viu uma equipa a jogar. Não se tremeu aqui dentro. Já participámos em 400 mil jogos com ambiente mais forte que este. Tivemos personalidade.»

Argel agradeceu ainda o apoio do público, dizendo que o resultado e especialmente a exibição foram também para eles. O central brasileiro minimizou o gozo de sair de Alvalade sem o epíteto de cabeçudo, como se lia num cartaz no estádio, afirmando que «o que dá prazer é ver a torcida gritando». «Os cinco mil adeptos do Benfica vão hoje para casa muito mais felizes, mais contentes, mais tranquilos que os 40 mil do Sporting.»