Jaime Pacheco não é propriamente um desconhecido para Demianenko. É, admite o ucraniano, com um sorriso à mistura, uma má recordação, a personificação do fim de um sonho. Na Primavera de 1987, ainda jogadores, Jaime e Demianenko defrontaram-se. O português vestia a camisola do F.C. Porto, que se sagraria campeão europeu, o ucraniano a do Dínamo, na altura um dos clubes mais temidos da Europa e o principal fornecedor da selecção da União Soviética. Ganhou o português. Por duas vezes. Nas Antas e em Kiev. Sempre por 2-1, recorda o ucraniano. 

Demianenko lembra-se bem do adversário. «Era médio, não era?». Os elogios seguiram-se ao pedido de confirmação. «Era bom. Sei que jogava na selecção». Mantém a admiração de então pelo adversário de amanhã e projecta, em segredo, a «vingança» inconfessada. «Isto é futebol», torneou a questão, desdramatizando e garantindo não ter guardado ressentimentos, ao ponto de se mostrar na disposição de cumprimentar Pacheco, antes e depois do jogo. 

A prova de que não sobra rancor da eliminação do Dínamo, em Kiev, a 22 de Abril de 87, quando se jogavam as meias-finais da Taça dos Campeões, percebe-se ainda hoje, na admiração que Demianenko revela pelo F.C. Porto. «Aquela equipa era muito boa», recorda. «Não foram campeões europeus por acaso...». Rendidos, conta, os ucranianos ficaram «a torcer pelo F.C. Porto». Em Viena, os portugueses fizeram-lhe a vontade.