O Estrela da Amadora conseguiu esta tarde a sua terceira vitória no seu estádio e a quarta no campeonato ao bater o Salgueiros por 1-0 com uma exibição extremamente agradável. As duas equipas, com muito pouco a perder, apostaram num jogo aberto com a clara intenção de procurar o golo desde o primeiro minuto, no que resultou num jogo disputado a bom ritmo quase sem interrupções. 

Carlos Brito apresentou o seu esquema habitual (4x3x3) mexendo apenas no centro da defesa, com Fonseca e Rebelo a renderem os lesionados Ariomar e Raúl Oliveira. Vítor Manuel remeteu todos os estrangeiros para o banco e apresentou um «onze» jovem e cem por cento nacional. As três derrotas nas jornadas anteriores, levaram o treinador do Salgueiros a ser mais prudente e a apostar num sistema mais defensivo, com Rui Ferreira e Pedrosa à frente da defesa. 

Ao primeiro apito de Paulo Paraty, as duas equipas desataram a correr num frenesim incompreensível que nos levou a olhar, mais uma vez, para a tabela classificativa. O Estrela atacava e o Salgueiros respondia a um ritmo impressionante. Mas, afinal, o que é que estava em jogo? Nada, ou quase nada. Libertas da pressão, as duas equipas desinibiram-se para um jogo aberto e cativante. As oportunidades nem chegavam a acontecer porque, na hora do remate, a equipa que defendia passava à ofensiva. 

Mesmo sem oportunidades evidentes, o jogo estava agradável, porque raramente houve interrupções e praticava-se um jogo limpo. A bola corria saltitante, desviada ali e acolá com precisão. Os passes tinham quase sempre sentido e os jogadores movimentavam-se bem dentro de campo. João Pedro provocou a primeira sensação de golo, na sequência de uma excelente abertura de Marco Cláudio, que permitiu ao avançado do Salgueiros ganhar espaço na área do Estrela e rematar com perigo à baliza de Luís Vasco. 

Mas a atenção e boa movimentação dos defesas não permitia muito mais. As duas equipas jogavam bem até à entrada da área adversária mas, depois perdiam a bola. Nesta conjuntura, o ritmo foi abrandando, com o Estrela mais autoritário e o Salgueiros a ficar na expectativa. Depois das infrutíferas experiências em velocidade, Estrela e Salgueiros optaram pelos remates de longe. Pedro Simões de um lado e Pedrosa do outro procuraram quebrar as resistência defensivas. 

Num livre à entrada da área do Salgueiros, Gaúcho I adiantou ligeiramente a bola, e Paulo Ferreira, com um remate com as doses correctas de força e precisão, levou a bola ao canto superior esquerdo da baliza de Jorge Silva. Rapidamente as duas equipas trocaram as intenções iniciais. O Salgueiros procurou reagir de imediato voltando a elevar o ritmo da partida e assumindo as despesas do jogo. O Estrela aguardou serenamente por uma oportunidade para jogar em contra-ataque. Até final do primeiro tempo, a velocidade foi uma constante. 

A defesa do Estrela estava a fazer uma exibição inrepreensível, jogando em linha e subindo nos momentos certos. Nandinho, num acesso de raiva, procurou forçar a entrada na área, ganhando vários ressaltos, mas no último, antes do remate final, viu-se forçado a recorrer à mão para não perder o controlo da bola e acabou por ver o seu golo anulado. 

Depois do Salgueiros ter esgotado todas as soluções para bater a defesa do Estrela, Vítor Manuel resolveu desmontar o «puzzle» e dar início a novo jogo, com as entradas de Edú e Litera para o meio-campo e fazendo recuar Rui Ferreira para o eixo da defesa. O ataque salgueirista ganhou nova dinâmica, e o Estrela passou por momentos de aperto. João Pedro chegou a festejar um golo, antes de olhar para a bandeirola levantada do árbitro auxiliar. Mais uma vez, a defesa do Estrela tinha-se antecipado.  

Insatisfeito, Vítor Manuel lançou Ouattara no ataque, mas o antigo avançado do Sporting é demasiado lento para a velocidade que o jogo tinha adquirido. As bolas chegaram-lhe com fartura ao centro da área, mas o avançado da Costa do Marfim, permitiu sempre a antecipação e nunca conseguiu rematar à baliza de Luís Vasco. 

Não havia nada a fazer. O Estrela conseguiu, finalmente, voltar a somar três pontos, o que já não acontecia desde Fevereiro, quando a equipa de Carlos Brito bateu surpreendentemente o Belenenses no Restelo por 3-0. A equipa de Vítor Manuel soma o quarto desaire consecutivo e, para a semana, tal como há um ano, recebe o mais que provável futuro campeão, o Boavista.