Rebelo recebeu com muita tristeza a notícia da morte do treinador Joaquim Meirim, na tarde desta quarta-feira. O capitão do Estrela da Amadora tinha uma relação muito próxima com o seu antigo técnico, com quem se aconselhava frequentemente. 

Rebelo lembra que deve grande parte da sua carreira a Joaquim Meirim, que o foi buscar ao Sacavenense (onde também tinha sido seu treinador) e o lançou no profissionalismo no Estrela da Amadora. Nesse ano, 1987/88, Rebelo deu os seus primeiros passos num clube que ainda hoje representa. Com Meirim no comando técnico, a equipa amadorense subiu à I Divisão pela primeira vez na sua História. 

«Foi uma época excepcional», recorda o veterano jogador. «Sem estrelas pôs o Estrela na I Divisão, indo buscar jogadores que ninguém conhecia mas que ele sabia que tinham valor. Era um líder dentro e fora do campo, transmitia alegria, contava muitas histórias, era uma pessoa muito carismática e que conseguiu nesse ano agarrar toda a gente, mesmo quem não jogava, criando um ambiente fantástico.» 

Apesar do sucesso da subida de divisão, no final dessa época Joaquim Meirim deixou o Estrela e seguiu para o Louletano. «Saiu sem ninguém estar à espera», recorda Rebelo. «Quando chegou ao clube quis melhorá-lo, ajudar as pessoas, mas parece que há pessoas que não gostam de ser ajudadas.» 

Rebelo manteve sempre o contacto com Joaquim Meirim, mesmo depois de as carreiras os terem afastado. «Conversava com ele sempre que precisava. Era um conselheiro e uma pessoa muito especial para mim. Há jogadores que passam ao lado de boas carreiras e se não fosse ele podia ter acontecido o mesmo comigo, foi ele que me foi buscar ao Sacavenense, que me lançou no profissionalismo. Sabia que ele estava doente há muito tempo mas fui apanhado de surpresa, não esperava que acontecesse tão cedo...», lamentou. Joaquim Meirim morreu esta quarta-feira, aos 66 anos, vítima de cancro. 

O capitão do Estrela da Amadora encontrou em Meirim uma referência. «Tornou-se um amigo. Foi a pessoa mais calma que conheci. Os problemas para ele nunca eram graves, ele lembrava sempre que a situação podia ser pior. Transmitia tranquilidade. Muitas vezes recorri a ele para procurar conselhos. Encontrava sempre solução para tudo...» 

As recordações da época da subida de divisão do Estrela sucedem-se. «Quando íamos jogar fora, antes de chegarmos à localidade saíamos todos do autocarro e ele pedia ao motorista para nos apanhar 533 metros mais à frente. Era sagrado, uma paragem obrigatória para descomprimir, para andar um pouco.» 

Rebelo elogia especialmente as capacidades de liderança do seu antigo treinador, mas recorda também a forma original de trabalhar. «Conseguia tornar agradáveis os treinos na mata, que são sempre grandes tareias sem bola. Os treinos eram diferentes mas se calhar as pessoas não estavam preparadas para isso. Estava adiantado em relação à sua época e só mais tarde as pessoas perceberam isso. Chegou a ser treinador de equipas de topo, como a CUF, mas pareceu-me sempre um pouco incompreendido.»