É pecado esquecer Costinha.

Já se sabe que em lances de bola parada o «ministro» é muito pouco diplomático, mas extremamente eficaz. Deixa-se estar à margem dos tradicionais puxões e empurrões, para depois surgir do nada ao encontro da bola. Passou como uma seta nas costas de Tiago para com uma curta elevação encostar a cabeça na bola para o primeiro golo. Mas essa faceta é apenas um pequeno «hobby» do internacional português. No seu papel habitual, à frente da defesa, esteve praticamente irrepreensível, destacando-se como o homem das limpezas. Atacou sempre a bola com uma desconcertante tranquilidade para depois a lançar limpinha para os seus companheiros mais adiantados.

Deco

Não esteve nas suas melhores noites, mas salpicou o relvado com os seus truques de ilusionismo. Na retina ficou um balão de Jorge Costa para as nuvens, a que ninguém deu valor. Ninguém, não:Deco foi o único a apostar no lance e era dos poucos que podia tirar alguns dividendos. Com pés de veludo, recolheu a bola e colocou-a junto ao tapete, aproveitando o espaço para «arrancar» um livre perigoso que depois não conseguiu aproveitar. Não teve muitas mais oportunidades para experimentar a sua pontaria em lances de bola parada, mas esteve na génese de quase todos os lances ofensivos do F.C. Porto, incluindo, claro, o golo de Costinha. Insistiu inicialmente pelo flanco direito, procurando explorar alguma fragilidade de Armando, mas foi na zona frontal que conseguiu os melhores resultados, com destaque para uma primorosa assistência para Maciel (44 m). Na segunda parte, viu-se um Deco mais trabalhador, mas menos virtuoso. Recuou no terreno para ajudar os companheiros nos momentos de maior aflição.

Pedro Mendes

Entrou muito bem no jogo, juntando-se a Deco no flanco direito com o objectivo evidente de pressionar Armando. Nos primeiros minutos conseguiu provocar desequilíbrios na defesa encarnada, arrastando Ricardo Rocha e Petit para as sobras. Durante toda a primeira parte foi uma sombra de Deco, apoiando o companheiro nas bolas perdidas com pequenas correcções. Destacou-se ainda com uma primorosa assistência para Maciel. Na segunda parte, com Deco mais longe, perdeu protagonismo, mas continuou a ser uma peça essencial no flanco direito no apoio a Paulo Ferreira. Surgiu esporadicamente no ataque, explorando bem os espaços vazios e, pelo menos, por uma vez, surgiu sem marcação para rematar às malhas laterais.

Defesa de Carvalho

A defesa do F.C. Porto, tirando o genial lance de Simão, que resultou no golo do empate, esteve praticamente sem mácula. Na primeira meia-hora o quarteto defensivo limitou-se a gerir o jogo, uma vez que quase todos os lances encarnados chegavam quase mortos ao seu território. Mas entre os quatro, Ricardo Carvalho brilhou mais alto, perseguindo Sokota, ganhando lance após lance ao possante croata. No lance do golo, lá estava ele em cima do avançado, mas a bola sobrou para Simão e o central chegou um tudo-nada à sobra de Jorge Costa e Paulo Ferreira que tinham ficado por terra.

Jankauskas melhor do que McCarthy

Uma noite para esquecer para o sul-africano. Praticamente não conseguiu tocar na bola e não fez muito para o conseguir. Procurou permanentemente o contacto com os adversários, esquecendo-se do essencial. Em poucos minutos Jankauskas, que o substituiu, deixou claro que era possível fazer bem mais. Maciel também esteve «fora de jogo». Raramente conseguiu tirar proveito da sua impressionante velocidade, com particular destaque para uma bola dividida que ganhou com Miguel, para depois sair disparado em direcção à área de Moreira. De resto, os dois pagaram a factura do recuo do meio-campo do dragão, tamanha a distância que na segunda parte os separou dos companheiros.