McCarthy

O verdadeiro Benni está aí. Esquecidas as críticas e os processos internos, ao sul-africano só interessam os golos. Super-motivado, mesmo que não esteja na melhor forma física, o ponta-de-lança sul-africano revela todo o seu esplendor no momento da finalização. Olhando para a estatística, desde a tal noitada em Vigo marcou seis golos em quatro jogos (dois a Manchester United e Belenenses; um a V. Guimarães e Académica), tendo apresentado uma versatilidade invejável. Vejamos bem: duas grandes penalidades, dois golos de cabeça, um de livre e outro num lance de bola corrida. McCarthy é, neste momento, tudo o que Mourinho desejaria, para além de ser o melhor marcador do campeonato, com 16 golos.

Deco retribui aposta

Em Coimbra, na passada segunda-feira, o «mágico» esteve muito abaixo do que é habitual e foi o próprio a reconhecê-lo. José Mourinho substituiu-o e a equipa conseguiu chegar à vitória. Ainda que não esteja a atravessar um bom momento de forma, Deco é sempre um jogador influente, pelo que o técnico continua a colocá-lo entre os titulares. Com necessidade de compensar a confiança recebida, tenta crescer e frente ao Belenenses revelou alguns pormenores muito interessantes, como lançamentos longos, toques subtis e alguma fantasia. Na parte final do jogo também surgiu o golo (4-0) que serve para motivar qualquer um, numa daquelas jogadas em que parte decidido com a bola e só fica feliz quando a envia para o fundo das redes.Com Deco, a equipa agiganta-se e o adversário fica em apuros.

Sérgio Conceição mais influente

Terá sido um dos melhores elementos no ataque portista, o que contrasta com as actuações mais recentes. Interpretou na perfeição as dificuldades provocadas pela defesa adversária e libertou-se das marcações com relativa felicidade, o que lhe permitiu aparecer em zona de remate por várias vezes. Logo aos sete minutos, após um canto de Deco, atirou forte, mas à figura de Marco Aurélio, e aos 13 caiu na área, protestando (sem razão) uma falta de Carlos Fernandes. Fugiu, depois, para a zona central, aparecendo nas sobras de McCarthy, o que lhe abriu espaço para mais duas boas oportunidades, que tiveram sempre como destino as mãos do guarda-redes. A sua acção mais preponderante, no entanto, esteve associada à grande penalidade que permitiu a Benni bisar. Wilson puxou-lhe a camisola e Conceição caiu.

Marco Aurélio, enquanto pôde

Em confrontos passados o guarda-redes do Beleneses costumava estar sempre entre as figuras do jogo, pelas muitas defesas, tantas vezes impossíveis. Na primeira vez que jogou no Dragão ainda chegou a ameaçar, tendo efectuado algumas intervenções briosas, que só serviram para adiar algo que parecia delineado. O brasileiro segurou remates de Sérgio Conceição, Costinha, Maciel e Maniche, mas não conseguiu suster os de McCarthy, Ricardo Costa e Deco. Marco Aurélio é, indiscutivelmente, um bom guarda-redes, mas não deixa de ser o segundo mais batido do campeonato (logo atrás de Veiga, Estrela da Amadora).

Antchouet inofensivo, Brasília melhor

Inácio não escondeu que a sua intenção era jogar em contra-ataque. A promessa não foi muito difícil de cumprir, pois Antchouet foi, quase sempre, o único elemento de ataque do Belenenses. Com o auxílio de Brasília na esquerda e Neca ou Verona atrás, o veloz avançado raramente conseguiu ganhar algum lance a Jorge Costa e Pedro Emanuel. Nem mesmo uma ligeira desatenção momentânea do adversário lhe permitiu brilhar, até porque Vítor Baía nunca falhou. Com a entrada de Mauro algo mudou, mas o resultado foi o mesmo, embora num esforço final Brasília tenha alcançado o golo de honra.

O sempre disponível Ricardo Costa

«Capitão» da selecção sub-21 e produto das camadas de formação do Boavista, Ricardo é um modelo da nova geração portista. Enquadra-se na perfeição nas exigências de um treinador como José Mourinho e, apesar das poucas oportunidades que dispõe, não se cansa de irradiar valor. Gosta de jogar a central, é aí que se sente melhor, mas o treinador prefere colocá-lo quase sempre no lado esquerdo, até porque Nuno Valente nem sempre está disponível e Mário Silva não convence. No passado sempre marcou alguns golos, normalmente de cabeça, mas com o Belenenses agiu como avançado, aproveitando uma desatenção do adversário para entrar, literalmente, com a bola dentro da baliza. Exemplar na exibição, terminou a lateral-direito, permitindo a Paulo Ferreira descansar um pouco para Manchester.