José Mourinho sentou, pediu licença e acrescentou à conferência de imprensa um longo preâmbulo, que ocuparia, excepcionalmente, o lugar da primeira questão. O próprio treinador do F.C. Porto, dispensando a interrogação, depois de conseguida a anuência e ainda com a expressão de surpresa a dominar os rostos dos jornalistas, abriu o jogo de perguntas e respostas, confessando-se, no mínimo, apreensivo. Vinha o desassossego do treinador a propósito da «preocupação do futebol português para com o ranking da UEFA». O que lhe parecia normal, quase aplaudiu. Mas o que ainda estava por expor é que tinha pouco de compreensível e servia de principal razão para o semblante carregado que acompanharia todas as explicações.

Sem delongas, sem interrupções, contou o treinador que o Santa Clara recusou, «com legitimidade para tal», antecipar o jogo com o F.C. Porto, da 13ª jornada, a disputar numa noite de domingo, em vésperas da segunda mão da terceira eliminatória da Taça UEFA, em Lens. Mais grave do que isso, o encontro dos Açores está marcado para as 19 horas locais, sem reservar qualquer hipótese de a comitiva portista, já com menos um dia para recuperar, regressar ao continente ainda no dia 8 de Dezembro.

Claro e cuidadoso, Mourinho não aponta o dedo ao Santa Clara, aceitando o facto de a equipa dos Açores defrontar o Marítimo na quarta-feira anterior, em jogo em atraso da sétima jornada, como boa razão para não atender a solicitação portista, que propunha a antecipação do encontro para sábado. «Só peço ajuda, nada mais. Somos um dos dois representantes portugueses na Taça UEFA», lembrou. «Será que estavam a contar que ficássemos pelo caminho? Creio não estar a pedir nada de mais», insistiu.

José Mourinho, que não quis ser «cáustico ou agressivo», propõe, como alternativa, num recado subtilmente enviado à Liga, que Santa Clara e Marítimo se encontrem nos Açores na semana anterior. «Por quê tudo isto tão negativo contra nós?», voltou a interrogar, mesmo quando não esperava resposta, que o próprio avançou, mesmo sem muitas certezas: «Prefiro pensar que não há segundas intenções, mas apenas falta de rigor».

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