A possível contratação de Hanna Ljundberg para a equipa masculina do Perugia pode abrir um precedente e ter o efeito de «uma bomba» no futebol internacional. Isto porque os regulamentos da FIFA e da UEFA não prevêem qualquer impedimento para que uma mulher jogue numa equipa de homens, ou vice-versa.

Uma leitura dos regulamentos da FIFA permite verificar que não existe qualquer artigo que diga que uma equipa masculina tem de ser exclusivamente formada por homens, embora este organismo internacional supervisione as competições de futebol de ambos os sexos e tenha leis iguais para ambos.

Ou seja, esta situação pode repetir-se, inclusive em Portugal. O Maisfutebol falou com Cunha Leal, director-executivo da Liga de Clubes e com Amândio de Carvalho, vice-presidente administrativo da Federação Portuguesa de Futebol para tentar saber se existem normas específicas para este tipo de casos. A resposta foi¿não.

Cunha Leal reconheceu que os regulamentos da Liga não prevêem este tipo de situações, mas lembrou que há modalidades, como o «curling», em que existem equipas mistas. «No futebol não há equipas mistas nem leis que as regulem, pelo que teriam de ser criados novos regulamentos», explicou.

Abrir um precedente

Confrontado com as mesmas questões, Amândio de Carvalho admitiu que «nada está regulamentado» no sentido de impedir a existência de equipas mistas: «Nos escalões de formação de futebol de sete, nomeadamente nas escolinhas e infantis já existem equipas mistas. Relativamente aos seniores, não há nada escrito a esse respeito, nem nos regulamentos da FIFA nem dos da UEFA».

Amândio de Carvalho apontou como exemplo o caso da arbitragem: «Embora exista um quadro de árbitros masculino e outro feminino, nada impede que as equipas de arbitragem sejam mistas e isso já acontece em vários escalões».

Para o vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol «não há nada que impeça a criação de equipas mistas ou que exija a criação de regulamentação nesse sentido». «A maior dificuldade poderá ser mesmo a mentalidade, porque ainda existe algum machismo», explicou. Mas há também questões logísticas, como por exemplo, a construção de balneários suplementares, porque mesmo sendo da mesma equipa, é pouco provável que homens e mulheres venham a equipar-se ou a tomar banho juntos.

«Este caso do Perugia pode ser o pontapé de saída para uma grande mudança», admitiu, afirmando que encara esta situação com toda a normalidade: «Pessoalmente, não tenho nada contra».

Sem querer, Luciano Gaucci pode ter começado a mudar o futebol¿

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