Anísio Cabral de Lima, treinador de futebol no Brasil, tem uma história absolutamente invulgar. A começar pelo acontecimento que o levou a perder a visão: uma bolada na cara causou-lhe um deslocamento da retina.
Ainda mais inusitado é o facto de ser técnico de futebol. Orienta a equipa do Madureira, da II Divisão do estado de Brasília, e garante que se pode treinar de ouvido: «A audição permite-me ver o toque de cada um dos meus jogadores e distingui-lo do dos adversários», explicou Cabral de Lima ao Jornal de Brasília, citado pela agência Lusa.
Um adepto do Madureira diz que «a forma como ele grita e orienta a equipa durante os jogos deixa as pessoas a duvidar de que seja realmente cego».
Mas é. Um avançado treinado por Cabral de Lima explica mais algumas partes do segredo: «Ele imagina e situa o jogo em função dos gritos dados pelos jogadores. Nós até estabelecemos um código secreto para os gritos que damos. Além disso, um de nós fica sempre perto dele para passar-lhe informações.»
Cabral de Lima está há 15 anos no Madureira. E não pensa sair tão depressa: «É uma forma que tenho de me divertir e de evitar que crianças pobres se metam com delinquentes.»