José Luís Tavares é o mentor assumido do sorteio por computador. O presidente da Comissão de Arbitragem admitiu-o, sem reservas nem receio, a meio da sessão de esclarecimento desta manhã, na sede da Liga. E, se já havia ficado irritado com o abondono intempestivo de Pinto da Costa da sala, negando-lhe a oportunidade de responder às acusões, mais fulo ficou com o retrocesso ao sistema das bolas anunciado por Valentim Loureiro. 

De pé no palanque, esbracejando por uma oportunidade para responder ao presidente do F.C. Porto, que lhe voltava as costas e acelerava na direcção da porta de saída, José Luís Tavares, com expressão de desalento, mas em tom igualmente inflamado, comparável ao timbre do acusador, repetia que o abandono de Pinto da Costa não era correcto. «Sou o eterno atirado-para-a-valeta», desabafou, entristecido. 

A plateia perdera, subitamente, o destinatário do esclarecimento que o tinha feito erguer da cadeira, mas recuperaria pouco depois os representantes da comunicação social, que, indirectamente, levariam a resposta a Pinto da Costa. Por isso, manteve-se de pé, contando que na quarta-feira, por ocasião do primeiro sorteio por computador, «a sala estava repleta de dirigentes, que ouviram todas as explicações, e ninguém se insurgiu contra o sistema». 

Por isso não percebia e condenava a irritação de Pinto da Costa. «Agora, porque houve um ou dois clubes a levantar questões, vai alterar-se o sistema à revelia de todos os outros», lamentou o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga. José Luís Tavares, que nunca chegou a sentar-se, assegurou ainda que a sua comissão «não recebe lições de arbitragem e transparência». Mais grave ainda. Voltou-se para Valentim Loureiro e disse-lhe, em tom facilmente perceptível: «Não estou em condições de fazer o sorteio de outra forma que não seja por computador...».  

Com o sorteio manual, com bolas e taças, marcado para as 15h30, os próximos minutos dirão se Valentim Loureiro teve a habilidade de convencer José Luís Tavares a presidir ao acto.