Jupp Heynckes, treinador do Benfica, considera João Vieira Pinto «um grande jogador», acha mesmo que o ex-capitão «tinha lugar no Benfica», mas explicou aos jornalistas presentes no estágio de Leogang (Áustria) que «o clube quis cortar com o passado e a sua saída enquadrou-se numa mudança global». 

O treinador encarnado referiu ainda não ter ficado supreendido com a mudança de João Pinto para Alvalade: «Sabia que ele não queria sair de Lisboa e de Cascais, pelo que não foi para mim uma surpresa ele ter ido para o Sporting.» 

Jupp Heynckes transformou a ideia de «um novo ciclo» no fio condutor do seu primeiro discurso da nova época. 

«No ano passado falharam muitas coisas. Abrimos um novo ciclo, por isso decidimos dispensar 14 jogadores. Queremos, de facto, cortar com o passado», sublinhou Heynckes, acrescentando que Vale e Azevedo é, na sua opinião, «o homem certo no lugar certo, pois tem grande visão do mundo do futebol». 

«Não há dinheiro que pague Nuno Gomes» 

Após a saída de João Pinto e o grande Campeonato da Europa que protagonizou, Nuno Gomes assume-se como nova estrela do Benfica. 

Ao mesmo tempo surgem, contudo, notícias dando conta do interesse de grandes clubes europeus no concurso do ponta-de-lança. 

Jupp Heynckes, embora frisando que «ele tem que trabalhar como qualquer outro por um lugar na equipa, pois não há vacas sagradas nem titulares indiscutíveis», deu a saber que já falou com Vale e Azevedo sobre o assunto e transmitiu ao presidente encarnado a sua total oposição à venda de Nuno Gomes: «Fez um excelente Europeu e é um jogador com uma grande margem de progressão, que pode ainda aprender muito. Não o quero perder e já falei com o presidente sobre isso. Não há dinheiro que pague Nuno Gomes ou possa compensar a perda que a sua saída representaria para a equipa.» 

A questão do número 10, que tem trazido preocupados os adeptos benfiquistas, é desvalorizada pelo treinador, que aponta Sabry como solução: «Ele pode fazer esse lugar.» 

«Dani pode vir a custo zero para o ano...» 

Jupp Heynckes revelou, entretanto, que o grego Machairidis e o português Dani «são, para já, cartas fora do baralho». 

Se o caso de Machairidis parece ter o desfecho traçado, já o de Dani pode fazer correr alguma tinta: «Dani é um bom jogador, estamos interessados nele mas o Ajax pede muito dinheiro. Provavelmente esperaremos mais um ano para o ter a custo zero.» 

Colocado perante a questão da sua responsabilidade em face do elevado investimento feito pelo Benfica para a nova época, o treinador alemão fechou a conferência de imprensa de forma lapidar: «Os grandes clubes da Europa gastam quatro milhões de contos em selos para cartas! Foi um investimento importante para o Benfica, mas não haja grandes ilusões, pois esse montante, para um grande clube europeu, pouco ou nada significa.»

Nuno Pereira, enviado especial da TVI