José Peseiro vira-se agora para a sua equipa. O treinador do Nacional fala da importância de ter a posse de bola, das possibilidades de adaptação do sistema táctico, das últimas peocupações com o equilíbrio emocional e de testes «secretos» para ver os níveis de confiança antes do jogo com o Benfica.

José Peseiro, em discurso directo:

«O sistema táctico vai ser o mesmo de Aveiro. Mas há uma coisa importante aqui. Nós não vamos dar a bola ao Benfica só. Também queremos ter posse de bola, pois se tal não acontecer vamos passar por períodos de desorientação, pois os meus jogadores não estão preparados para não ter a bola. Por exemplo, os jogadores do Marítimo, se não tiverem a bola, não ficam atordoados. Nós não o conseguimos. Por exemplo, o Ricardinho, o Rómulo, o Gouveia, se não tiverem a bola, já é diferente a sua motivação. Não são jogadores de ficar ali no meio campo despreocupados. Uma vantagem que podemos ter em relação ao meio-campo é que, se conseguirmos ter qualidade na posse de bola, o Benfica vai passar um mau bocado. Para esta estratégia preferia que não houvesse chuva.

Tudo depende do resultado. Quando fazemos a convocação para o fim-de-semana, pensamos em quem trabalhou melhor e em quem está mais disponível em função daquilo que pretendemos fazer. Temos o Tonanha que é um jogador muito rápido e que está muito bem, sendo um jogador para lançar nas costas do Ricardo Rocha que não é rápido, ainda por cima é um central, adaptado a lateral. Temos o Hugo Freire, para a esquerda, pois o Ricardinho ainda não tem capacidade para os 90 minutos, para defender e atacar. Não pode encolher-se a defender para depois esperar para as tarefas ofensivas.

Podemos passar para três centrais, se o Feher entrar. Se o Feher começar de início, o Adilson vai ser o outro central. Se for durante o jogo, temos a solução Jokanovic ou Hugo Carreira. Mais tranquilidade temos o Jokanovic, se for para ser mais agressivo, temos o Hugo Carreira. O Bernardo é um jogador com características para estes relvados pesados e pode ser opção para o Adilson ou para o Gouveia. O Hugo Freire também pode ser substituir o Rómulo, pois tem as mesmas características.

O Adriano é opção para o Sérginho. Temos tido cuidados com o Adriano, pois há vários factores que determinam o rendimento de um jogador e um deles é em termos psico-emocional. É essa vertente que temos trabalhado e surgiu mais solto esta semana, acabando por fazer um bom treino contra o Câmara de Lobos.

Fazemos alguns testes, sem eles se aperceberem, para ver os níveis de confiança. Ele por exemplo na semana passada em 11 situações frente ao guarda-redes, não fez um golo e esta semana fez sete. Pareceu mais alegre e mais desperto e esperemos que não entre com medo».

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