A França, actual presidente da União Europeia, está a pressionar a Comissão Europeia no sentido de reconhecer a especificidade do desporto em matéria de contratos de trabalho. Esta pressão surge na sequência da polémica em torno da intenção da CE de pôr fim aos regulamentos de transferências no futebol profissional. 

«Foi criado um grupo de trabalho com o objectivo de avaliar os benefícios da espeficidade do desporto no panorama Europeu», afirmou o presidente francês Jacques Chirac durante um encontro com a selecção francesa, actual campeã europeia.  

A França aparece, assim à frente desta luta. É que numerosos clubes franceses, como o AJ Auxerre ou o Nantes, conhecidos por treinarem e lançarem jovens jogadores em grandes clubes europeus, sairão prejudicados com as decisões anunciadas. 

Aigner critica posição da FIFA 

A pressão francesa surge depois de as próprias instituições do futebol, pressionadas pela Comissão Europeia, terem dado passos no sentido de modificar o sistema de transferências. Após uma reunião em Zurique, na última quinta-feira, representantes da FIFA e da UEFA admitiram mesmo a livre circulação dos jogadores com mais de 24 anos.  

A proposta não foi bem recebida por todos, dentro dos próprios meios do futebol. Gerhard Aigner, director-executivo da UEFA, acusa a FIFA e os clubes de chegarem a «conclusões prematuras». Para Aigner «é possível e necessário um diálogo positivo e construtivo com a UE», mas não podem ser tomadas «mudanças radicais» sem que sejam avaliadas as consequências e as alternativas possíveis. 

Embora a UE argumente que os jogadores de futebol devem ser equiparados a quaisquer outros profissionais, podendo mover-se de clube para clube em qualquer altura, a maioria dos dirigentes no mundo do futebol não concorda que as regulamentações de outras áreas de negócios sejam aplicadas a este desporto.