João Pinto, eterna figura do F.C. Porto e também um dos capitães da selecção portuguesa na época de estreia de Fernando Couto, estica o lençol da memória, confessando ao Maisfutebol que são mais as recordações sobre o ex-colega no seu clube de sempre do que propriamente ao serviço da equipa das quinas. O que se compreende. Foram anos e anos a defender o mesmo símbolo. No entanto, não perde tempo em destacar o homem que está por trás daquela figura, por vezes menos simpática no calor do jogo, outras vezes mais leal. «Sinceramente não é uma surpresa o Fernando chegar à 100.ª internacionalização», começa por dizer.

Há motivos para que o antigo lateral direito pense assim. «Sabe, ele é uma pessoa que sempre gostou de trabalhar. Sempre quis ir o mais longe possível, por isso, facilmente atingiu os seus objectivos». Com certeza que nem o próprio ousaria em chegar aonde chegou em termos de desafios somados na selecção portuguesa. Mas tudo começou no F.C. Porto, onde há uma estória curiosa: «Sinceramente, não me lembro do primeiro jogo do Fernando Couto na selecção portuguesa. Mas recordo-me bem da primeira vez que foi convocado no F.C. Porto. Foi por minha causa. Estávamos em França, lesionei-me e o Artur Jorge resolveu chamá-lo. Disse-lhe que tinha de apagar um fogo que era a minha ausência. Aconselhou-o a estar tranquilo. Foi assim que jogou pela primeira vez».

O êxito, ou seja, o primeiro jogo pela equipa das quinas aconteceu na Maia, frente aos Estados Unidos, um desafio em que Artur Jorge começou por rejuvenescer a selecção, aproveitando as pérolas campeãs do Mundo de sub-20, no célebre campeonato da Arábia Saudita, da melhor maneira possível. Fernando Couto foi um dos seleccionados, juntamente com Vítor Baía. Mas foi frente à Itália, anos mais tarde, que João Pinto conheceu melhor o seu colega de equipa: «Foi num estágio no tempo do Queirós, no Algarve. Íamos jogar com a Itália e a atitude do Fernando nesse estágio chamou-me particularmente à atenção. Ele sempre foi um grande profissional e logo ali vi que estava na presença de alguém com um grande futuro pela frente».

Em relação ao jogador e ao homem parece haver uma distância considerável. Sobre o primeiro diz-se que a agressividade dentro do campo é uma arma, porém a personalidade do segundo desmente qualquer tendência menos positiva. Por isso, na simbiose das duas, resulta o carisma de um capitão que vale pelo seu sentido de liderança. «Sempre teve perfil de liderança. Vê-se isso dentro e fora do campo, apesar de a forma como joga ser a face mais visível. Ele é uma pessoa com carácter, é um rapaz espectacular e com perfil para ser líder. No futebol, pelos clubes por onde passou, ao conseguir chegar à 100.ª internacionalização, só prova o valor que tem e o trabalho que conseguiu para atingir os seus objectivos. Ele merece!», exclama João Pinto, ex-capitão do F.C. Porto e actual treinador da equipa de juniores das Antas.

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