Antes da final do Europeu de sub-19, Portugal estava no primeiro lugar para o prémio «fair-play» e deitou tudo a perder num jogo. O que é que aconteceu?

Uma final é uma final. Antes do jogo tínhamos falado sobre a possibilidade de sofrermos golos e de termos de dar a volta, como já tinha acontecido noutros jogos. Mas eu já sabia que frente à Itália isso não ia ser possível, porque é uma equipa muito defensiva.

No primeiro jogo frente à Itália, ainda na primeira fase, empataram (1-1), mas marcaram primeiro...

Foi um excelente jogo. Empatámos, mas podíamos ter ganho, podíamos ter marcado três ou quatro, mas acabámos por empatar. Na final, que era o jogo mais importante, o que mais queríamos vencer, isso não foi possível. Eles também já nos conheciam. O treinador deles foi muito esperto, porque os italianos não me deixaram jogar, nem a mim nem ao Hugo Almeida. Na véspera ele veio dizer para os jornais que nós éramos os jogadores mais perigosos e que não nos podiam deixar jogar.

O que é que levou Amoreirinha e Flávio Igor a ter aquelas reacções. Houve provocações por parte dos italianos?

Houve, mas isso é normal da parte dos italianos. Já no Torneio de Toulon, com os sub-20, isso também aconteceu. A Itália é uma equipa assim, a gente não pode entrar é no jogo deles, mas infelizmente entrámos...

A Federação falou em comportamentos inadmissíveis...

A nós não falou. Eu lá não soube de nada e no jogo praticamente não me apercebi do que se passou. Só soube pelos jornais no dia a seguir. No campo só reparei na situação do Flávio Igor, porque foi mesmo ao pé de mim, agora o caso do Amoreirinha nem sequer vi...

Compreendes a atitude deles? Justifica-se com a tensão de uma final?

Compreender não compreendo. Acho que isso nunca se devia fazer, mas o Flávio é um jogador assim, é um jogador com raça e, se calhar, já andava picado com o outro jogador e, além disso, estávamos a perder. Se calhar perdeu a noção do que estava a fazer. Acho que foi esse o motivo, estava revoltado com o que se estava a passar em campo. Mas é nesses momentos que temos de pensar naquilo que temos de fazer e não cometer asneiras.

Vocês falaram sobre isso uns com os outros?

Não porque na altura ninguém se apercebeu. Depois, já cá em Portugal, ainda pensei em telefonar ao Flávio, para falar com ele, mas ele deve ser castigado, a federação já falou em castigos exemplares, e eu não o quis estar a maçar mais sobre isso. Eu compreendo-o, é o estilo dele, joga com raça e dá tudo o que tem. Nem lhe disse nada, porque podia ficar chateado comigo. Quem tem de falar com ele são os responsáveis da equipa e da selecção. Mas acho que não foi uma boa atitude.

Leia toda a entrevista:

Início de carreira de encarnado: «Fiquei desmerecido com o Benfica».

A importância da Academia e uma relação especial com Quaresma: «Tinha Quaresma como um irmão».

As expectativas de Bölöni a Fernando Santos: «Bölöni estava mais atento aos jovens».

Os comportamentos «inadmissíveis» na selecção: «Compreendo-os, mas não foi uma boa atitude».

Melhor marcador no Europeu com cinco golos: «O homem-golo era Hugo Almeida, não era eu».

Futuro da selecção assegurado: «Scolari tem mostrado que aposta nos jovens».

As preferências de Paulo Sérgio: «Totti é um jogador fenomenal».