O que é que correu mal na final frente à Itália?

Uma final é uma final. Temos de jogar para saber quem é o vencedor e o vencido. Agora defrontar a Itália e logo nos primeiros três minutos sofremos um golo...tirou-nos a descontracção.

Mas nos outros jogos também estiveram em desvantagem e conseguiram dar a volta...

Frente à Noruega, já conhecíamos bem o adversário. Já tínhamos jogado duas vezes com eles, em dois torneios cá em Portugal e correu sempre tudo bem para o nosso lado. No último torneio, no Porto, ganhámos por 4-1. Mas no Campeonato da Europa surpreenderam-nos. Começámos a perder por 0-2. Se calhar entrámos demasiado à vontade. Com a Áustria também aconteceu o mesmo. Mas nesses momentos demos sempre as mãos. Contra a Noruega bastava-nos o empate (2-2) e conseguimos.

E com a Áustria, na meia-final, foi mais complicado?

Fizemos o resultado que fizemos com mérito. Também o devemos ao nosso guarda-redes (Paulo Ribeiro) que defendeu duas grandes penalidade decisivas. Se não fosse assim, se calhar tínhamos ido logo embora nas meias-finais. Com a ajuda de todos, demos as mãos, unimo-nos, juntámos as forças e conseguimos chegar à final.

Qual foi o melhor jogo da selecção no Lietchenstein?

Foi contra a Áustria. Estávamos a perder 0-2, demos a volta, fizemos o 2-2, eu ainda fiz o 3-2 e depois foi mesmo até ao fim. Depois eles fizeram os 3-3. Já estávamos todos desesperados, mas demos as mãos e unimos as forças e marcámos mais três no prolongamento. Foi o nosso melhor jogo, porque a Áustria também tinha uma grande equipa, era a equipa revelação e fez um grande campeonato. Temos que dar os parabéns à Áustria porque tinha uma equipa forte e tinha grandes jogadores. Também foi por isso que nos complicaram a vida. Porque, se não fosse assim, qual era a lógica de defrontarmos uma Áustria fraca e estarmos assim tão enrascados?

Marcaste dois golos nesse jogo...

Estava 2-2 e tive a felicidade de fazer o 3-2. Acho que foi o meu melhor golo ao serviço da selecção. Fomos todos ao rubro. Mas mesmo a acabar, a três minutos do fim, eles fizeram o 3-3. Depois no prolongamento ainda fiz outro.

O que é que o seleccionador vos disse ao intervalo?

Disse que tínhamos de ter uma atitude mais ganhadora, como a que tivemos frente à Noruega. Unir as forças uns com os outros e ajudarmo-nos lá dentro para conseguirmos ir à final e isso aconteceu. O mister também esteve bem com as alterações que fez. Pôs o Pedro Pereira (Sp. Braga), que entrou muito bem e fez dois golos. Depois do 4-3 ficámos mais aliviados e passámos a jogar simples.

Cinco golos, melhor marcador do torneio. Em termos individuais correu-te bem. Superou as tuas expectativas?

Superou, tanto em termos individuais como em termos colectivos. Se quer que seja sincero, não esperava marcar cinco golos. A fase de apuramento tinha-me corrido bem, mas só consegui os golos com a ajuda dos meus colegas. Ainda hoje penso nisso. Quem era o homem-golo era o Hugo Almeida, não era eu. Eu lá era conhecido como o homem das assistências e ele é que devia marcar. Mas foi ao contrário.

Leia toda a entrevista:

Início de carreira de encarnado: «Fiquei desmerecido com o Benfica».

A importância da Academia e uma relação especial com Quaresma: «Tinha Quaresma como um irmão».

As expectativas de Bölöni a Fernando Santos: «Bölöni estava mais atento aos jovens».

Os comportamentos «inadmissíveis» na selecção: «Compreendo-os, mas não foi uma boa atitude».

Melhor marcador no Europeu com cinco golos: «O homem-golo era Hugo Almeida, não era eu».

Futuro da selecção assegurado: «Scolari tem mostrado que aposta nos jovens».

As preferências de Paulo Sérgio: «Totti é um jogador fenomenal».