Portugal sucede à Suíça como campeão da Europa de sub-17, depois de ter batido este domingo a Espanha, por 2-1, na final realizada no estádio do Fontelo, em Viseu. Mais de dez mil pessoas em delírio receberam e apoiaram a selecção até ao fim dos 80 e muitos minutos - o tempo de compensações parecia que não acabava.

As coisas não começaram muito bem para a selecção nacional, que viu remates após remates dos espanhóis serem defendidos pelo guarda-redes Mário Felgueiras. Até ao golo de Márcio Sousa, aos 21 minutos, as coisas podiam estar muito piores. Mas acabou mesmo por ser Portugal a marcar, com um grande golo do jogador do F.C.Porto. Um remate de fora da área muito colocado deu vantagem à selecção das quinas, que pôde assim respirar melhor. No entanto, dois minutos antes, já tinha sido dado o aviso, com Saleiro a cabecear para uma grande defesa do guarda-redes Adán. Os espanhóis reagiram de imediato, com uma sucessão de cinco remates que foram todos ressaltando em defesas portugueses.

O estádio do Fontelo, cheio, já atirava «olés» aos jogadores, que conseguiam ir falhando algumas boas oportunidades. Do lado espanhol também não havia acerto, e o técnico Juan Santisteban não parava de gritar e dar indicações. Um breve momento de preocupação pela lesão do guarda-redes Felgueiras precedeu o intervalo e o descanso dos milhares de vozes que fizeram questão de acompanhar a jovem selecção. Um descanso merecido, já que tinham todos gritado golo a um chapéu de João Pedro ao guarda-redes espanhol. A bola voou, voou e, incrivelmente, um defesa conseguiu tirar a bola nos últimos instantes.

A segunda parte começou quase imediatamente com um balde de água fria, o empate da Espanha. Cases desenvolveu trabalho individual e a defesa cedeu canto. Na concretização, David marcou sem grande oposição e deixou tudo na mesma. Mas a selecção portuguesa não pareceu afectada pelo golo sofrido e reagiu de imediato. Um livre directo descaído para o lado direito permitiu a Márcio Sousa fazer o seu segundo golo da tarde e proporcionou uma nova explosão de alegria entre os adeptos. Se dúvidas houvesse do seu apoio à selecção...

Aos 55 minutos, João Pedro saiu lesionado, e entrou Bruno Gama para o seu lugar. O ataque de Portugal refrescou-se e as oportunidades de golo para Portugal foram-se sucedendo. Aliás, as substituições começaram a suceder-se, com alguns jogadores já bastante cansados. Mário Felgueiras continuou a chegar para as tentativas espanholas, parecia que havia uma redoma a proteger a área portuguesa e o público começava a impacientar-se com o esgotar do tempo. Aos 76 e aos 77 minutos Bruno Gama e Saleiro falharam golos quase certos, um numa tentativa de chapéu e outro à figura do guarda-redes. O banco de Portugal já não descansava. Os cinco minutos de compensação pareceram durar uma eternidade, mas finalmente acabou por acontecer o apito do árbitro bósnio. A festa decorreu então por todo o estádio, com uma volta de honra dos jogadores. A Espanha leva a prata, a Áustria o bronze e a Inglaterra ficou no quarto lugar.

We are the Champions, hombre!

FICHA:

Estádio do Fontelo, Viseu

Árbitro: Novo Panic (Bósnia-Herzegovina)

Auxiliares: Tomislav Petrovic e Dimitrios Bozatzidis

ESPANHA: Adan, Ruz (César, 71m), Arzo, Sérgio, Raúl, Bergara (Xisco Nadal, 62m), Silva, Sísínio, Cases (Tebar, 48m), Jurado e David.

Treinador: Juan Santisteban

PORTUGAL: Mário Felgueiras, João Dias, Paulo Ricardo, Miguel Veloso, Tiago Gomes, Paulo Machado, Vieirinha, João Coimbra (Manuel Curto, 69m), Márcio Sousa (João Moutinho, 76m), João Pedro (Bruno Gama, 51m) e Saleiro.

Treinador: António Violante

Resultado ao intervalo: 0-1

Resultado final: 1-2

Disciplina: cartão amarelo a João Dias (60m); cartão amarelo a Arzo, (80m)

Golos: Márcio Sousa, 21m (0-1); David, 41m (1-1); Márcio Sousa, 45m (1-2)