O pai de António Oliveira já estava hospitalizado. Nesse dia, 15 de Setembro de 1982, chegou a notícia da sua morte. Mas o treinador-jogador do Sporting quis fazer dessa dor força e entrou em campo, para o encontro com o Dínamo Zagreb a contar para a segunda mão da primeira eliminatória da Taça dos Campeões e para uma exibição de génio.

O Sporting tinha perdido na primeira mão com o Dínamo Zagreb por 0-1. Oliveira, que tinha passado a treinador depois da saída de Malcolm Allison, recorda no livro «Estórias d¿Alvalade» como teve conhecimento do trágico desfecho, apesar de a família ter tentado ocultá-lo, para o poupar ao desgosto. Recorda também que quis entrar de qualquer modo em campo, para «de algum modo vingar aquele momento trágico».

No relvado, o futuro seleccionador nacional maravilhou companheiros, adeptos e adversários, num encontro de ambiente irrepetível, quando nas bancadas os adeptos iam conhecendo o drama pessoal que vivia. Os números resumem uma exibição de sonho ¿ foram seus os três golos da vitória do Sporting: aos 29m, aos 36m e aos 65m. Blazevic, o então treinador do Sporting, resumiu o que viu em poucas palavras: «Oliveira é um fora-de-série.»