O Porto dá mostras de ser, cada vez mais, uma equipa consistente e passou incólume no teste de Felgueiras. A equipa azul e branca quebrou um jejum de quatro anos e meio sem vencer em «casa» do Vitória de Guimarães e voltou para as Antas com três pontos muito importantes na perseguição ao Benfica.

Sem ter feito uma exibição de encher o olho (não foi um jogo propício a grandes artes, deve dizer-se), o facto é que o conjunto de José Mourinho deu mais uma demonstração de ser uma equipa equilibrada e capaz de responder às circunstâncias que cada desafio apresenta. Ainda não é um Porto de espectáculo, está longe de o ser, mas é um Porto consistente e solidário. Entre os quatro candidatos ao título, o Porto será, neste momento, aquele que está mais próximo de ter uma equipa, se entendermos que uma equipa só o é quando os elementos que a compõem funcionam e interagem.

É claro que o Benfica tem revelado, nas primeiras quatro jornadas, um leque de opções - no meio-campo e na frente - de muito grande valor, mas o equilíbrio portista promete ser, pelo menos para já, a maior ameaça à liderança encarnada.

Outra ameaça ao Benfica, até esta partida, era o Vitória de Guimarães. Inácio começou a época em grande, com três triunfos de aplaudir, o último deles num terreno bem difícil, o do Setúbal. Prometia ser um teste bem complicado para o dragão ¿ e foi mesmo. Como é que o F.C. Porto passou, então, com um triunfo de 2-0? A pergunta foi respondida pelos azuis e brancos, dentro do campo, com uma exibição pragmática e consistente.

Deco marca, Rafael compromete

O Porto apareceu em Felgueiras com um esquema em tudo semelhante ao que utilizou no Bessa, quando derrotou o Boavista por 1-0. Mourinho sabia que os problemas iam ser relativamente parecidos: iria encontrar uma equipa agressiva, com um meio-campo reforçado e boas opções no ataque. Para encarar esses riscos, optou por colocar Paulo Ferreira no meio-campo, aproveitando duplamente as qualidades do jovem contratado ao Setúbal: as suas virtudes ofensivas e a capacidade de luta que entrega a meio-campo. Essa aposta foi conseguida, mas o resto da ideia de Mourinho nem por isso: com Secretário e Paulo Ferreira na direita, Capucho estava mais liberto para descair para o meio e para criar desequilíbrios. Mas isso nunca aconteceu.

O rigor das marcações vimaranenses estava a importunar a dinâmica azul e branca. O 3x5x2 de Inácio, na habitual no futebol português, parecia que poderia vir a dar frutos. O Porto demorava a pegar no jogo. A partida era disputada a um ritmo forte, com boas jogadas de ataque de parte a parte. A batalha do meio-campo ainda não mostrava um contendor claramente mais forte que o outro: daí o equilíbrio que se verificou até ao intervalo.

E a decisão desta partida começou a desenhar-se nos últimos minutos da primeira parte: o Guimarães quase inaugurou o marcador, num belo lance de triangulação entre Bessa, Hugo Cunha e Romeu. Este último rematou forte, Nuno respondeu com segurança. O Porto não se assustou e na jogada seguinte, chegou à vantagem: Deco (quem havia de ser?) cobrou de forma magistral um livro sobre a esquerda. O Vitória não se ficou e Rafael meteu a bola dentro da baliza, nos últimos momentos da primeira parte. Só que estava em fora-de-jogo. O brasileiro não se conformou e protestou, protestou.... Protestou tanto que viu o segundo amarelo. Escusado e comprometedor. O Porto foi para o intervalo a vencer.

Uma questão de eficácia

Num jogo de luta e tanta pressão como foi este, são pequenos pormenores que fazem a diferença. O Guimarães, a jogar com menos um e a perder por 0-1, tinha vida difícil na segunda parte. Tardou a dar-se por vencido, é um facto, mas voltou a sonhar depois de Maniche ser expulso.

Com dez contra dez, o Vitória acelerou. Ferreira, recém-entrado, teve por duas vezes o golo do empate nos pés, mas faltou-lhe serenidade no momento de marcar. O Porto deixou-se recuar durante alguns minutos, mas um golpe de asa voltou a repor a ordem natural das coisas: para compensar a perda de Maniche, Tiago entrou no jogo, em sacrifício de Capucho. O Porto reconquistou o meio-campo e aliviou a pressão.

O 0-2 acabou com as dúvidas. Tiago finalizou da melhor forma uma boa jogada de Postiga. A 18 minutos do fim, a partida estava decidida.