SETE GOLOS no Estádio Cidade de Barcelos. Um jogo que merecia transmissão televisiva, honras de horário nobre, mais que 3.963 espectadores como testemunhas. Etapa inicial de luxo, golo de Halisson para fechar e a primeira vitória do Gil Vicente (4-3), que ainda não marcara em casa, na Liga.

O Moreirense, descomplexado como sempre, pode lamentar a sua dose de azar. Mas não chega. Esteve por duas vezes em vantagem e regressa a casa sem pontos.

Bela supresa. Como ir ao cinema sem grandes esperanças, apenas pelas pipocas, aceitando um filme que pouco promete face ao guião apresentado. O Gil Vicente averbara dois nulos em Barcelos, o Moreirense mostrara mais mas teria respeito pelo adversário. Apostava-se no 0-0. Puro engano. E sabe tão bem assistir a algo assim, vindo do nada.

A nobre arte de escrever com imparcialidade não será abalada pela constatação: é melhor passar noventa minutos a ver futebol de qualidade, sobretudo com golos, que ter de inventar predicados para colorir algo que nos entediou por hora e meia.

É certo que Adriano e Ricardo Ribeiro não fizeram qualquer defesa em 45 minutos de sonho, de privilégio para quem esteve no Estádio Cidade de Barcelos, porque estes jogos não aparecem nos televisores. Cada remate, cada golo, dois até para um médio de 34 anos que marcara outros tantos em toda a época passada.

Cunha e Ghilas em dose dupla

André Cunha, o mesmo que fizera um belo golo ao F.C. Porto em janeiro de 2012, assinou um inusitado bis na carreira. Inspiração providencial para um Gil Vicente que se apresentou sem ponta-de-lança de raíz e viu Ghilas inaugurar a contagem ao minuto 17.

O Moreirense chegava à vantagem após duplo desaire que minou a confiança demonstrada até então. Postura agradável da equipa de Casquilha neste regresso à Liga, comprovada com a ambição demonstrada em Barcelos.

Paulo Alves, que empatara com o F.C. Porto e fizera vida negra ao Sporting, irritou-se ao ver Cláudio inventar em terreno proibido. Perda de bola, passe imediato para Ghilas e golo. O primeiro de muitos.

André Cunha empatou cinco minutos mais tarde, após cruzamento de Luís Carlos. À meia-hora, de novo Luís Carlos a criar, André a finalizar. O português roubará o protagonismo mas o brasileiro teve enorme mérito neste festival. Iniciou os lances dos dois golos e conquistou ainda um castigo máximo, em lance com Augusto, perto do intervalo. Cláudio aproveitou para se redimir.

Pelo meio, como o leitor atento terá reparado, surgiram mais dois tentos para o Moreirense. 0-1, depois 2-1, 2-3 e 3-3 ao intervalo.

Seis não chegam, chegou o sétimo

Vinícius estreou-se a marcar na Liga 2012/13 e Ghilas (o irmão daquele que passou pelo V. Guimarães) alcançou Cardozo, Jackson e Luís Leal no topo da lista de melhores marcadores. Segundo bis da época para o avançado, um talento extremamente interessante.

Seis golos em quarenta e cinco minutos. Um luxo. Uma tremenda surpresa, com direito a voto de parabéns para as duas equipas. Ficaria por aqui? Durante parte da etapa complementar, pensou-se que sim. Interrupções de jogo, perdas de tempo, aparente satisfação pelo ponto garantido.

O empate aceitava-se mas sobrava uma dose de esperança para o Gil Vicente. A eficácia nos lances de bola parada fez-se sentir e serviu de prémio para os 3.963 espectadores que passaram a tarde no Estádio Cidade de Barcelos. Halisson, na sequência de um livre lateralizado, concluiu de cabeça (78m). 4-3, primeira vitória dos galos na Liga.