Final de jogo tumultuoso em Esmoriz. O túnel de acesso aos balneários do Estádio da Barrinha foi tomado de assalto pelo medo, depois de a GNR ter lançado gás pimenta na direcção de vários elementos do Gondomar presentes no local. Entre acusações de «força despropositada» e «abuso da autoridade», o saldo é preocupante: sete feridos, dois dos quais a merecer tratamento hospitalar, neste jogo relativo à II Divisão Nacional (Zona Centro).

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Tudo começou minutos depois do apito final. Os ânimos estavam quentes, pois o Esmoriz venceu por 2-1, com uma grande penalidade marcada já no período de descontos. No trajecto entre o relvado e os vestiários, a confusão instalou-se e um dos guardas recorreu ao gás pimenta para dispersar a pequena multidão.

«Não havia necessidade nenhuma» acusa Álvaro Cerqueira, presidente do Gondomar, ao Maisfutebol. «Só um dos militares da GNR é que lançou o gás. Era um rapaz novo, com pouco tempo de serviço, e atrapalhou-se. O próprio comandante local da Guarda me disse que não gostou nada do que se passou.»

Sete jogadores do Gondomar foram atingidos, devido a irritações oculares, absorção cutânea e dificuldades respiratórias. «Um dos nossos jogadores, o Richard, tem alergias e ficou mal. Deixou de ver. Mas não foram só pessoas do Gondomar a sofrer. A fisioterapeuta do Esmoriz sentiu-se mal e teve de vomitar. Aquilo parecia o Egipto!»

Gondomar coloca GNR nas mãos da justiça



Citada pela Agência Lusa, fonte da direcção do Esmoriz endossa todas as culpas para o lado do Gondomar. «Quem armou a confusão toda foram eles. Perderam com um penalty, não gostaram do resultado e depois o treinador Vítor Paneira e o presidente do clube puseram-se para lá a refilar. Aquilo acabou mal.»

O máximo dirigente do emblema gondomarense rejeita a acusação. «Eu estava longe, do outro lado do campo, quando vi os meus jogadores a saírem do túnel aflitos. Só aí é que me aproximei. Não incendiei nada, conforme dizem os senhores do Esmoriz.»

O Gondomar entregou o caso a um dos seus advogados e vai avançar para a justiça. «A GNR não pode ter um comportamento destes. É uma força de segurança e não uma força de insegurança.»

Contactada pelo nosso jornal, a GNR de Aveiro preferiu não prestar declarações, por o caso estar ainda a ser «averiguado».