Gonçalo Guedes vive uma fase feliz: o extremo divide-se entre o Benfica e a Seleção sub-20, com o final da época em Portugal e o Mundial de juniores, já a partir do final de maio, no horizonte.
 
O extremo de 18 anos - ainda júnior, recorde-se - joga por norma pela equipa B, mas treina com o plantel principal do Benfica: já fez cinco jogos na Liga, mais um na Taça e três na Taça da Liga.
 
Numa entrevista ao Maisfutebol, o jovem fala sobre a experiência de treinar todos os dias com o plantel do Benfica. Uma experiência que o tem ajudado a crescer e o prepara até para a Seleção.
 
Mas fala também da decisão de não sair do Benfica em janeiro, quando a hipótese se colocou, e de uma geração talentosa, com nomes como Rony Lopes, Ivo Rodrigues e Raphael Guzzo.
 
Eis Gonçalo Guedes: afável, humilde e sorridente, mas sempre com um discurso simples e calculado, sem colocar o pé fora de água. Um miúdo com cabeça de adulto.


 
Portugal pode ter muita esperança nesta geração para o Mundial sub-20?
Claro que pode ter esperança, mas não dessa forma que está a referir.
 
Como assim?
Portugal pode ter esperança que vamos dar tudo e que nunca vamos desistir. Acima de tudo vamos dar o nosso melhor para sair de lá vitoriosos. É isso que podemos prometer.
 
Esta é uma seleção com jogadores conhecidos do público, como o Gonçalo Guedes, o Rony Lopes e o Ivo Rodrigues? É uma geração promissora?

Sinto que é, e espero que sim, que seja. Mas para isso é necessário saber valorizar o que é português. Temos de apoiar os jogadores portugueses e ser capazes de mostrar ao mundo o que conseguimos fazer em Portugal, porque conseguimos fazer coisas com qualidade.
 
E o Gonçalo Guedes sente que é olhado como a estrela desta seleção? Sente que tem esse peso sobre os ombros?
Não, claro que não. Nesta seleção somos todos iguais, todos trabalhamos em equipa para alcançar um objetivo comum. Não me sinto a estrela desta geração. Aliás, não há estrelas. O que há, isso sim, é um grupo de jogadores que forma uma equipa: é essa equipa que vai vencer os europeus e os mundiais. Nenhuma estrela vai ganhar nada neste grupo.
 
Mas admite pelo menos que as pessoas esperam mais de si do que seus colegas...?
(risos) Eu não sinto isso, se os portugueses sentem isso, é lá com eles. Eu não, não sinto isso. De todo. Sinto que sou mais um jogador de equipa, que quer ajudar os companheiros. Sempre que o treinador me colocar em campo, é isso que vou fazer. De resto esta seleção é formada por bons jogadores. Estão todos referenciados por mim, por isso sigam-nos a todos e apoiem-nos a todos, porque são todos muito bons.


 
Esta seleção é formada na sua maioria por jogadores das equipas B. A integração das equipas B na II Liga foi um passo fundamental para os jovens jogadores?
Sem dúvida. Nem se discute. Foi um passo muito bom. A parte mais difícil na carreira de um jogador, acho eu, é a transição para o futebol sénior. É uma fase muito difícil para todos. As equipas B dão-nos mais espaço para nos adaptarmos a uma nova realidade, completamente diferente do que era antes, para jogarmos e para estarmos mais prontos a chegar lá acima quando aparecer o nosso momento.
 
O Gonçalo sente que teve essa evolução ao longo do último ano?
Tem-me corrido bem, sim. Sinto que evoluí muito. Mas não posso parar por aqui. Tenho de continuar a motivar-me para evoluir e seguir o meu caminho, porque quero naturalmente mais.
 
Em janeiro esteve perto de ser emprestado, falou-se do Gil Vicente e do Nacional, mas acabou por ficar: naquela altura preferia ficar no Benfica ou sair para um clube da Liga?
A minha vontade sempre foi ficar no Benfica. Estava há seis meses na equipa B, estava a aprender muito, ainda estava numa fase que não aconselhava, pelo menos na minha perspetiva, um empréstimo.
 
Porquê?
Porque continuei a evoluir bem na equipa B do Benfica. Sendo chamado ou não à equipa principal, estava a jogar regularmente, estava a evoluir bem e sentia que devia continuar assim. O que me importava era manter aquele nível de crescimento. Acho que não era bom ser emprestado naquela altura e o futuro veio a dar-me razão.
 
Por falar em futuro: o que quer? Terminar a formação o mais rapidamente possível e impor-se na equipa principal?
Claro. Acho que o objetivo de todos os jogadores da equipa B é ir mais longe e chegar à equipa principal do Benfica. Mas neste momento não tenho pressas. Sinto-me bem a ajudar a equipa B e o que quero é continuar a jogar.
 
Mas jogar nos bês ou na equipa principal não é a mesma coisa...
Sinceramente, na equipa principal ou nos bês, até nos juniores, se for preciso, não me interessa muito: quero é jogar e continuar a evoluir. Importante é nunca parar de trabalhar e não estagnar.


 
Treinar com Jorge Jesus tem ajudado o Gonçalo a evoluir?
Tem. É um bom treinador, exigente e que nos ajuda. É sempre importante conhecer treinadores novos, com métodos diferentes de trabalho. Mas sobretudo treinar com a equipa principal e trabalhar com Jorge Jesus tem-me ajudado muito, sim.
 
Voltando à seleção, estes estágios anteriores ao Mundial são uma boa preparação para vocês, ou preferiam manter-se a trabalhar nos clubes?
São uma ótima preparação. Podemos entender melhor o que o treinador quer, cimentar o espírito de equipa, defrontar seleções com as quais ainda não tínhamos jogado e que vão estar no Mundial, o que nos permite perceber os pontos mais fracos e mais fortes da nossa equipa e dos adversários. Por isso é uma experiência diferente a meio da época e que nos faz evoluir, principalmente como equipa.
 
Para terminar, que expetativas esta seleção tem para o futuro?

As melhores, como é óbvio. Estamos a trabalhar bem, temos alcançado vitórias e acima de tudo estamos a preparar-nos para chegarmos ao Mundial melhor do que estamos agora.
 
Com o título mundial de juniores?
(risos) Só prometemos uma coisa: dar sempre tudo o que temos pela camisola da Seleção.