Três jogos, três vitórias e uma tremenda sensação de facilidade. Esta foi, em síntese, a impressão deixada pela Holanda nesta fase de grupos. Uma impressão confirmada na vitória sobre a selecção de Camarões (2-1), que fez da equipa de Bert Van Marwijck a segunda, depois da Argentina, a fazer o pleno antes dos oitavos-de-final, onde parte como amplamente favorita antes de enfrentar a Eslováquia. Até porque Robben já se estreou neste Mundial...

A precisar de apenas um ponto para garantir o primeiro lugar do grupo, a laranja, esta noite a equipar de branco, deixou que fosse a selecção africana a assumir as despesas do jogo nos primeiros minutos. A jogar pelo orgulho, os companheiros de Eto¿o tentaram montar o cerco à área de Stekelenburg, mas a eficácia de Van Bommel, à frente dos centrais, limitava as ameaças a dois ou três centros de Geremi, na direita.

A partir dos 20 minutos, sempre em ritmo pausado, a Holanda começou a trocar a bola com mais à vontade. Já depois de Kuijt ter deixado um aviso, num remate que passou a rasar o poste de Souleymanou, a qualidade colectiva veio ao de cima, numa magnífica acção colectiva que começou em Kuijt e foi prolongada por uma tabelinha entre Van Persie e Van der Vaart, com o avançado do Arsenal a concluir de pé direito. A reacção dos Camarões nos minutos finais da primeira parte teve muito de coração e pouco de soluções: ninguém no estádio Green Point tinha dúvidas sobre qual era a melhor equipa em campo.

O efeito Robben

Depois de 15 minutos em que a Holanda esteve muito perto de fechar as contas, Bert van Marwijck começou a gerir opções, trocando Van Persie e Kuijt por Elia e Huntelaar. Por essa altura, aproveitando um disparate de Van der Vaart, que cortou com o braço um livre de Geremi, cedendo um penalty gratuito, Etoo tinha aproveitado para marcar o seu segundo golo neste Mundial e tirar a invencibilidade à defesa da Holanda.

Mas o jogo teria um último acto, a coincidir com a entrada em cena de Arjen Robben. Após dois jogos afastado, por lesão, o extremo regressou para jogar os últimos minutos, e muito a tempo de deixar a sua marca no jogo. Foi de um remate seu, ao poste, que nasceu a recarga vitoriosa de Huntelaar (83 m), a dar ao jogo um resultado final mais ajustado à diferença de potencial das equipas. Mesmo sem fazer mais do que o estritamente necessário, a Holanda sublinhava assim a sua condição de favorita, não só para o próximo jogo com a Eslováquia, mas à própria vitória na prova. E aqueles poucos minutos de entendimento entre Sneijder e Robben abrem apetite para os jogos mais a doer que aí vêm.