Um golo de Toni Kroos em tempo de compensação salvou o campeão do Mundo de novo embaraço depois da derrota com o México na jornada inaugural. A equipa de Joachim Löw entrou determinada a resolver cedo, mas a verdade é que chegou ao intervalo a perder e, desta forma, virtualmente eliminada. O empate de Reus, logo a abrir a segunda parte, ainda recuperou uma pequena chama que só cresceu com o tal golo do médio do Real Madrid mesmo ao cair do pano, numa altura em que a Alemanha jogava reduzida a dez. Fica, assim, tudo em aberto no Grupo F, uma vez que o México, com seis pontos, ainda não está apurado, e a Coreia do Sul, sem pontos, também não está eliminada.

Confira a FICHA DO JOGO

Joachim Löw preparou uma equipa de pressão e choque, promovendo quatro alterações em relação à derrota com o México. Rüdiger rendeu o lesionado Hummels, Hector, recuperado, voltou ao lado esquerdo da defesa, e entraram ainda Rudy e Reus. De fora da estratégia ficou Mezut Özil que, pela primeira vez na sua carreira, não foi titular num jogo de uma fase final [Mundiais e Europeus]. Do lado sueco, como já se esperava, Lindelof, que falhou o primeiro jogo devido a uma indisposição, recuperou o lugar a Pontus Jansson.

Ao primeiro apito do árbitro, a Mannschaft lançou-se para a frente, montando um cerco apertado à área sueca que sentiu tremendas dificuldades para entrar no jogo. Foi impressionante o domínio dos alemães que, aos dez minutos, já somavam mais de 120 passes contra apenas seis dos alemães. Boateng e Rüdiger jogavam quase à entrada da área sueca, numa pressão asfixiante, com Draxler, por duas vezes, e Reus a ficarem muito perto de abrir o marcador. A Suécia demorou a reequilibrar-se, mas na primeira oportunidade que teve para responder, quase que marcou, num lance que ficou marcado por polémica: Markus Berg fugiu a toda a gente e parece sofrer falta de Boateng antes de ser desarmado por Neuer.  O árbitro nada assinalou e a Alemanha voltou a dominar.

Nariz de Rudy desequlibrou campeão do Mundo

Um domínio que sofreu um forte revés aos 25 minutos quando Rudy foi atingido, de forma casual, pela bota de Toivonen no nariz. O médio alemão foi obrigado a deixar o relvado para estancar o sangue que lhe escorria abundantemente das fossas nasais, enquanto a equipa recuava para manter o equilíbrio, deixando os suecos também trocar a bola. Uma indefinição que se arrastou ao longo de seis minutos, até que Joachim Löw desistiu de esperar e lançou Gundogan para a contenda. Seis minutos que abalaram a autoridade alemã e reforçaram a confiança dos suecos e, até ao intervalo, o jogo seria bem diferente do sufoco inicial.

Bem diferente até porque a Suécia marcou logo a seguir. Mau passe de Kroos Claesson foge pela direita e cruza em balão para a entrada de rompante de Toivonen entre os centrais alemães. Perante a saída de Neuer, o possante avançado sueco bateu o guarda-redes alemão com um chapéu bem medido. Balde de água fria no banco alemão. A eliminação precoce do campeão do Mundo estava à vista. Com este resultado, México e Suécia podiam antecipar a festa. Um golo que abalou ainda mais a Alemanha que, além de não conseguir voltar a impor o seu jogo, estava agora visivelmente desequilibrada e a Suécia até esteve muito perto de fazer um segundo golo, primeiro por Claesson, depois por Markus Berg, com uma forte cabeçada anulada por Neuer.

Reus empata, Boateng expulso

Joachim Löw não esperou mais e, logo a abrir a segunda parte, lançou Mario Gomez para o lado de Timo Werner. Era o tudo ou nada para a Alemanha. Tal como na primeira parte, a Mannschaft voltou a entrar com tudo, mas desta vez marcou. Werner entrou pela direita, Mario Gomez desviou com a ponta da bota e Reus marca com a canela. Um golo que voltava a colocar a Alemanha de novo na corrida, embora ainda a depender de terceiros. Um golo saboroso para Reus que tinha tido a infelicidade de falhar o Mundial 2014 e Euro 2016 por lesão.

Um golo que motivou ainda mais a Alemanha que voltava a desequilibrar-se, inclinando-se para a frente à procura de um segundo golo diante de uma Suécia já com um poder de resposta mais reduzido. Sucederam-se uma série de novas oportunidades flagrantes para a Alemanha, numa altura em que o selecionador sueco refrescava o seu ataque com Durmaz e Guidetti, procurando, desta forma, recuperar o poder de resposta. O resultado continuava a mostrar um empate quando, a oito minutos do final, Boateng, que esta tarde, além de central, foi sobretudo um médio, viu um segundo cartão amarelo e a Alemanha ficou reduzida a dez. A Suécia até podia ter recuperado a vantagem, logo a seguir, por Guidetti, mas foi a Alemanha que voltou a procurar o triunfo, primeiro com uma cabeçada de Gomez, depois com uma bomba de Brandt, a última opção de Löw, que bateu com estrondo no ferro.

O remate ao poste parecia ter sido a última sentença do jogo, mas já em tempo de compensação, o campeão do Mundo recuperou a velha máxima de pai incógnito: «O futebol são onze para cada lado e no fim ganha a Alemanha». E ganhou. Livre de Kroos, sobre a esquerda, em força para o segundo poste, com Olsen, mal colocado, sem hipóteses de lá chegar. Um golo que fica para a história dos Mundiais, uma vez que foi o golo mais tardio a valer um triunfo dentro do tempo regulamentar.

Joachim Löw libertava um longo suspiro de alívio. A Alemanha, afinal, ainda está na luta e, com esta vitória, até permite à Coreia do Sul acreditar. Está tudo em aberto neste grupo.