Em campo, o papel do guarda-redes é salvar a baliza, mas para Chris Seitz, fora de campo, passou a ser salvar uma vida. Tudo começou quando em 2009 um jogador dos americanos Real Salt Lake descobriu que a mulher tinha leucemia. Todo o plantel se inscreveu como dador de medula para tentar ajudar, mas até Agosto, nenhum dos jogadores era compatível com nenhum doente a precisar de transplante.

Mas este Verão a situação mudou e o guarda-redes foi contactado por ser compatível com um doente com Leucemia. Os exames mais completos mostraram que Chris Seitz tinha a maior taxa de compatibilidade, contudo, o procedimento não era tão simples como na maior parte dos casos. Para poder ajudar, Seitz teria que ser submetido a uma cirurgia na zona pélvica. Após pequenas incisões, uma agulha retira o material para transplante.

Este procedimento obriga a alguns dias de repouso num dador «normal», mas para um atleta significava perder o resto da época. A recuperação é demorada e impede movimentos bruscos, quedas violentas, corridas, ou seja, tudo o que faz parte do dia a dia de um guarda-redes.

O guarda-redes garante que não hesitou, mas, apesar de tudo, tinha que pedir autorização ao clube e não sabia qual seria a reação dos responsáveis. O presidente do Real Salt Lake, ele próprio sobrevivente de cancro, não levantou problemas e arranjou um substituto para a baliza.

«Não pude deixar de me emocionar. Há pessoas que nem são capazes de dar sangue, e ele está disposto a fazer uma cirurgia destas para tentar salvar a vida de alguém que não conhece e até pode nem resultar», afirmou Schellas Hyndman, treinador do clube em declarações à «ESPN».

Chris Seitz diz que não diz que não se passa um dia sem que pense na pessoa que recebeu o transplante, mas, além de não poder saber quem é, ainda precisa de esperar alguns meses para saber se o procedimento resultou.

Poucos dias após a operação Chris Seitz diz que se sentia como um velho, sem energia, mas aos poucos foi recuperando, mas continua sem saber o seu futuro profissional para a próxima época. Entretanto, a Major League Soccer atribuiu-lhe o prémio de «Humanitário do ano».