Na Liga não o quiseram, mas o campeão da Eslováquia abriu-lhe as portas sem hesitar. Para Guima, os anos passados por campeonatos secundários terminaram com um salto de gigante na carreira: agora não só disputa o título de um país, como concretizou o sonho de jogar na Liga dos Campeões.

O ponta-de-lança nascido em Santa Maria da Feira há 26 anos emigrou há pouco tempo e já está a dar-se bem. «Ganhamos 4 -1 ao Spartak Myjava e eu inaugurei o marcador. Coincidência ou não, foi logo o primeiro golo da Corgon Liga 2012/13. Logo por um Português, já fiz história!», exclama o avançado, para início de conversa com o Maisfutebol.

«Comecei bem, embora ainda não esteja como quero fisicamente, visto que eles começaram a pré-época a 9 de Junho e eu em Julho. Estou a integrar-me razoavelmente bem, embora, como é normal, haja coisas que só surgem e melhoram com o tempo. Mas por agora o balanço é positivo, sem dúvida», complementa.

Sem tempo para descansar ou sequer cumprir uma pré-época a sério, Guima já pensa no encontro desta terça -feira, da segunda mão da pré-eliminatória da Liga dos Campeões, diante do Hapoel Ironi Kiryat, em Israel. A vantagem trazida de Zilina, de 1-0, terá de ser defendida face a um mar de contrariedades:

«Jogamos fora de casa, contra uma equipa que me surpreendeu porque jogou um futebol muito atrativo, sempre muito rápidos nas decisões e com muitas combinações ofensivas. Temos também que vencer quase 40 graus de temperatura. Esperamos conseguir ultrapassar esta eliminatória, temos fé, mas sabemos que vamos ter que sofrer muito.»

Um outro mundo

A vida de Guima deu uma vota de 180º em pouco tempo. «É outra realidade, um outro mundo. Um salto assim tão grande, de repente, confesso que achava ser difícil. Sabia que outro ano na Liga de Honra não ia fazer, e tinha hipóteses de ir para a I Divisão em Portugal e na Roménia.»



«Mas quando me falaram de um clube campeão, que ia disputar as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões, que me queria, só ansiava que as horas passassem depressa para saber mais pormenores e concretizar este sonho. Felizmente, concretizou-se», relembra, sorridente.

A responsabilidade também aumentou. «É um clube que já foi seis vezes campeão e na época passada fez a ¿dobradinha¿. Não é o que tem mais adeptos, há clubes com mais história como o Slovan Bratislava, mas os que tem são fieis e fazem-se notar. É um clube com ambição e os adeptos e diretores fazem questão de o mostrar», garante, antes de descrever o quadro geral que encontrou:

«Portugal é mais acolhedor, tem estradas e cidades mais evoluídas, e muita gente fala Inglês. Aqui temos sorte em encontrar pessoas que saibam falar outra língua que não o eslovaco. Contudo, é um país em que considero bonito, nos sítios onde a pobreza não se faz notar, com monumentos muito próprios e edifícios também característicos.»

Fã de sopa gulash

Há um princípio naturista que diz que «nós somos o que comemos». E se por estes dias Guima anda feliz da vida, bem se pode dever também a uma gastronomia que o tem deliciado: «Não houve prato, até agora, de que não gostasse. E há uma sopa, julgo que se escreve gulash, que foi uma revelação para mim. É picante, mas muito saborosa. Recomendo!»

A descoberta tem sido mútua. «Quando sabem que sou português, a maior parte das pessoas fica surpreendida... Já estava aqui o Ricardo Nunes (ex-Portimonense) e como ele causou boa impressão, penso que acabam por ter uma reação igual, mesmo não me conhecendo. Mas não vejo aqui muitos estrangeiros. Portanto, para eles deve ser sempre uma novidade.»

Guima, do segundo escalão português para os mais altos voos na Eslováquia: mais uma emigrante de sucesso.