Depois do Adeus é uma rubrica do Maisfutebol dedicada à vida de ex-jogadores após o final das suas carreiras. O que acontece quando penduram as chuteiras? Como passam os seus dias? O dinheiro ganho ao longo dos anos chega para subsistir? Confira os testemunhos, de forma regular, no Maisfutebol.

Do Brasil para Guimarães, de lá para oito anos na Madeira. No Funchal, consagra-se como pé-canhão, um dos melhores na história do futebol português. Heitor regressou a casa em 1995 e, nos dias de hoje, cumpre o segundo mandato como Prefeito de Laranjal Paulista.

Heitor: 123 golos na carreira, dois de canto direto

Heitor Camarin Junior. Não parou desde que pendurou as chuteiras, já gastas de tantos remates com a parte externa do pé, os três dedos na bola, mais de trinta golos por cá. Números impressionantes para um lateral.

A reforma desportiva abriu novos horizontes. «Quando voltei, investi na construção civil, tive também um pequeno espaço rural, para além de vários projetos sociais. Entretanto, surgiu a política, a que me dedico agora a cem por cento. Já viu as voltas que a vida dá?»

O dia-a-dia de Laranjal Paulista consome o seu tempo. Outros desafios, a mesma exigência. «A cobrança é igual num estádio de futebol ou nas ruas. O adepto, como o cidadão comum, exige o máximo e é isso que procuramos dar», diz, com discurso polido, ao Maisfutebol.

«Na sequência dos meus projetos sociais, convidaram-me para concorrer a vereador pelo PT, o Partido dos Trabalhadores. Concorri e ganhei em 2004. Entretanto fui eleito Prefeito de Laranjal Paulista, de onde sou natural. Foi no segundo mandato, são quatro anos mais quatro, e adoro o que faço».

Lá como cá, surge um limite temporal. Heitor sabe que, depois de abandonar o futebol, chegará o dia em que terá de dizer adeus ao seu cargo: «No final deste mantado terei de sair, a lei não permite que continue. Tenho mais três anos e meio de mandato para cumprir todos os objetivos traçados para a cidade.»

Heitor esteve uma época no Vitória de Guimarães, quatro no Nacional da Madeira, outras tantas no Marítimo. Entre 1986 e 1995, tornou-se um pesadelo para os guarda-redes adversários em lances de bola parada. Ficaram as memórias e os filhos.

«Tenho uma ligação muito forte com Portugal e dois filhos que nasceram aí. Agora, já estão na faculdade», explica, com um sorriso percetível do outro lado da linha.

O desporto continua a entusiasmar o antigo lateral. «Tive uma escolinha de futebol por três anos e entretanto o trabalho com os jovens passou a ser feito através da Prefeitura. Temos dentro em breve mais uma Copa Brasil de futebol infantil, em sub-15, entre outras coisas.»

«Laranjal Paulista é um munício com 26 mil habitantes, a 160 quilómetros de São Paulo, para o interior. É uma localidade muito agradável, que aconselho para uma visita. Tem também muita produção, 12 fábricas de brinquedos, aposta forte na cerâmica e claro na avicultura», resume o atual Prefeito. O pé-canhão dedica-se agora a Laranjal Paulista.



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