60 mortos e 156 feridos. Os números são ainda provisórios e não conseguem espelhar a realidade da tragédia na Grécia. Na região de Ática, nos arredores de Atenas as chamas ceifaram vidas, destruíram casas, carros, florestas… um cenário que Portugal conhece e recorda ainda tão bem.

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Mati, a 40 quilómetros de Atenas, é uma localidade costeira procurada por muitos turistas, sobretudo gregos, para uns dias de descanso, mas as imagens destes dias não são de areia branca e de águas azuis tranquilas. Esta foi a zona mais afetada pelos incêndios e com consequências catastróficas.

As chamas chegaram à aldeia e devoraram tudo à sua passagem, interrompendo o idílico das férias. 26 corpos foram encontrados num campo, aparentemente abraçados, quando o inferno do fogo não deixou saída e mostrou que a morte seria o destino certo.

Outros atiraram-se ao mar, na esperança de alguma salvação. A guarda costeira retirou das águas centenas de pessoas, mas nem todos conseguiram sobreviver.

Hélder Lopes, defesa do AEK de Atenas, contou ao Maisfutebol como está a situação na capital grega. «Ontem fui tomar café com dois colegas, depois do almoço, e não se podia estar na rua. Estávamos sentados na esplanada e víamos a cinza a vir ter connosco. Era impossível estar cá fora porque o fumo era muito, as cinzas estavam por todo o lado e ficavam coladas às nossas roupas».

«Quando estávamos a ir para o treino, marcado para a 19 horas, respirava-se fumo, via-se muito fumo no ar, muitas chamas nas montanhas. O centro de treinos fica perto do aeroporto e penso que vários voos foram impedidos de aterrar em Atenas por causa disso», contou o jogador português, explicando que, por segurança, a sessão de trabalho acabou por decorrer apenas no ginásio, tendo sido dispensado o trabalho de campo.

Em Glyfáda, «a 25/30 minutos do centro de Atenas», onde mora o defesa, «parece ser a zona mais calma» da região, «parece estar tudo controlado». Por isso, as imagens que o jogador tem dos incêndios chegam-lhe sobretudo pelas redes sociais e pela televisão.

«Já tive oportunidade de ver algumas fotos em que via casas e montanhas a arder e as pessoas fugiam para o mar porque estavam perto. É uma situação um pouco parecida com o que aconteceu em Portugal: carros incendiados no meio da rua, casas a arder, pinhal a arder», recorda Hélder Lopes, lembrando os fogos que assolaram Portugal em 2017.

Em relação aos companheiros de equipa, o jogador do AEK acredita que «estão todos em segurança» porque vivem «quase todos na mesma zona». Mas não passam ao lado da tragédia.

«Afeta sempre, tanto estrangeiros como os próprios gregos, porque são situações muito desagradáveis onde se perde família, crianças… Isso mexe sempre connosco e muitas vezes não se consegue controlar. Espero que a situação se resolva o mais rápido possível e que os fogos acabem», disse, acreditando que, «hoje a situação já está melhor».