Com uma carreira que durou 25 anos, José René Higuita ganhou um lugar na história do futebol. Muita gente nem lhe reconhece um talento extraordinário para as redes, mas o carisma e a atitude cada vez mais invulgar de abordar o futebol deixaram marcas. Diz-se por aí que os mitos não têm nome. Caso seja mentira, um deles tem de se chamar Higuita.
Higuita: «Claro que o Falcao me marcava um golo...de penalty!»
O Maisfutebol conversou com o, agora, ex-guarda-redes e este falou de tudo. Da mágoa de não fechar a carreira no «seu» Nacional de Medellín, aos treinos para a «defesa escorpião». Das operações plásticas, à selecção da Colômbia. Passando por Falcao, Casillas e Vítor Baía. Fique para ler.
Pendurou as luvas no final do mês de Janeiro. Já passou tempo suficiente para sentir saudades de jogar futebol?
A vida é feita de ciclos e já cumpri o meu como guarda-redes. Agora resta-me contribuir junto dos mais jovens com tudo o que sei e fui aprendendo. Senti que esta era a melhor hora para terminar a carreira. Como toda a gente, eu também tenho sonhos, mas às vezes não é possível realizar esses sonhos. Há coisas que não dependem de mim.
Foi o final de carreira que imaginou?
Até ao ano passado estava a jogar e tinha o sonho de fechar a minha carreira no Atlético Nacional. Falei com os técnicos do Deportivo Pereira e eles compreendiam a minha decisão. Mas depois as coisas não correram bem com o Atlético e quando vi que não havia solução pensei: «Não quero mais nada». Tive outras propostas mas já não tinha vontade de sair, queria era terminar em Medellín. Agora, não me arrependo da minha decisão. Fiquei muito satisfeito com a despedida.
Olhando para trás e relembrando estes 25 anos, o orgulho na sua carreira vence tudo? Ficou contente com o que fez
Dentro do que eram os sonhos que eu tinha, sim. Claramente. Creio que se contam pelos dedos de uma mão, os sonhos que tinha e não consegui cumprir ou as coisas que queria fazer e não fiz. E por isso tenho muito orgulho no que fiz.
É, oficialmente, ex-jogador de futebol há poucas semanas. Como tem sido este período desde que deixou o futebol? Tenciona continuar ligado à modalidade?
Sim, recebi logo várias propostas, mas o que eu gostava mais de fazer era trabalhar na formação de guarda-redes. Não sei se como treinador de guarda-redes ou trabalhando mesmo na formação, com os jovens. Acho que podia ensinar umas coisas... Vamos ver o que acontece, mas, como vê, ainda estou muito ligado a este desporto.
Imagino que já tenham colocado esta pergunta várias vezes, mas o que lhe passou pela cabeça antes de fazer a «defesa do escorpião»?
Muitas vezes diziam-me que eu aproveitei a oportunidade para me promover. Mas não. Aquela era uma jogada, de entre muitas, que eu ia treinando. Trabalhei-o muito tempo. Depois apareceu um momento que me pareceu oportuno e quis correr o risco de errar. Só estava à espera que surgisse o momento certo, não sabia onde ia ser. Aconteceu em Wembley, correu bem e eu continuei o mesmo. Continuei a divertir-me, continuaram a dar-me de comer...
Uma das histórias mais curiosas diz respeito às cirurgias plásticas que fez. Como surgiu a hipótese?
Com o meu aspecto eu não brinco (Risos). Não, um contrato publicitário permitiu-me fazê-las através de um programa de televisão. Pareceu-me bem e aceitei. Só isto.
Veja um vídeo das maiores loucuras de Higuita: