Enquanto David James anda pela Índia como jogador-treinador do Kerala Blasters, os bens dele (pelo menos uma parte) estão online, à disposição de quem der mais. O antigo guarda-redes da seleção inglesa está falido, declarou bancarrota e agora tem à venda em leilão muitas das suas memórias desportivas, numa tentativa de juntar dinheiro para pagar aos credores.

É mais uma história de um desportista que ganhou milhões, mas não conseguiu gerir o dinheiro que tinha. Terá ganho 20 milhões de libras, estima a imprensa inglesa, algo como 25 milhões de euros. Não é claro como acabou por perder tudo, embora no meio do processo tenha havido um divórcio que lhe custou caro e investimentos falhados, escreve o «Independent», referindo que o jogador também canalizou muito dinheiro para a fundação que criou, para promover projeto de desenvolvimento junto das populações no Malawi.

A bancarrota foi decretada em tribunal em maio deste ano, para surpresa de muita gente, que não imaginava James numa situação financeira delicada. Ele sempre foi discreto sobre o assunto. Ainda agora o «Daily Mail» contou que procurou entrevistá-lo na Índia, coincidindo com o início do leilão pelos seus bens, mas ele recusou.

Aos 44 anos, James continua a jogar, enquanto assumiu o cargo de treinador, o seu grande objetivo. Antes tinha feito comentários televisivos, já depois de uma experiência na Islândia, que se seguiu a uma carreira de mais de 20 anos no futebol inglês, que incluiu o Liverpool, Manchester City e Portsmouth.

Uma longa carreira também na seleção inglesa. Tem ao todo 53 internacionalizações, ao longo de 13 anos, em que alternou várias vezes entre a titularidade e o esquecimento. Ficou famoso pela irregularidade e por alguns erros infantis, que lhe valeram a alcunha de Calamity James. Ela nasceu ainda no tempo do Liverpool, e nunca mais o largou.

Era ele o guarda-redes da Inglaterra no Euro 2004, foi a ele que Postiga marcou «aquele» penálti», antes de Ricardo colocar Portugal nas meias-finais.



Perdeu a titularidade na baliza da Inglaterra meses depois, na sequência de um erro no início da fase de apuramento para o Mundial 2006. Ainda foi à Alemanha, mas como suplente. Depois de muito tempo afastado, a chegada de Fabio Capello deu-lhe nova vida na seleção. Mas quando começou o Mundial 2010 o seu lugar estava de novo em risco. O titular no primeiro jogo foi Robert Green, mas o monumental frango do então guarda-redes do West Ham voltou a abrir caminho a James. Fez o resto do Mundial, despediu-se da seleção depois do jogo frente à Alemanha, nos oitavos de final, quase com 40 anos.

Entre os 150 artigos desportivos em leilão não está nenhuma camisola de Portugal. Mas há muitas outras. Camisolas de James, da seleção e dos clubes por onde passou, mas também de adversários. A maior licitação, até agora, foi para uma camisola de Frank Lampard no Chelsea: já passou as 800 libras.

O leilão está aberto a 18 de novembro e os administradores da falência de James dizem esperar que a coleção de memorabilia desportiva do jogador renda «somas significantes para os credores». O principal dos quais é o fisco britânico.

Não tem apenas objetos da memória desportiva de James. Há na coleção todo o tipo de artigos: um automóvel, bicicletas «chopper» clássicas, material de DJ, discos, livros, uma serra elétrica e até canecas. Já agora, está tudo aqui.