José Marinho propôs-se tornar concreto um sentimento. A tão falada mística do Benfica é o conjunto de estórias que o jornalista da SportTv resumiu no livro que lançou esta semana. As estrelas da história do Benfica estão lá. Em discurso directo e de viva memória. Por isso vale a pena ler.
Será um documento difícil de pensar e, acima de tudo, complicado de concretizar. Marinho arriscou escrever sobre a intimidade de um balneário de futebol, sobre a felicidade e a tristeza, sobre os momentos gloriosos e de tragédia de um clube que, por acaso, se chama Benfica e por acaso é um dos maiores de Portugal.
Neste livro o autor junta estrelas de várias gerações. Guilherme Espírito Santo, Eusébio, Rogério Pipi, Coluna, Humberto Coelho, Chalana, Álvaro, Diamantino, Bento, José Augusto, Veloso, Rui Águas, Hélder, Rui Costa, João Pinto, entre outros, juntam-se nas mesmas páginas para falarem de episódios. Vários, e desconhecidos a maior parte deles para o cidadão comum.
Por isso vale mesmo a pena folhear «Pela mística dentro». Começar no capítulo «Eusébio», saber o que diz Toni sobre José Mourinho e Jesualdo Ferreira, passar pelo «Balneário das celebridades», ler João Pinto sobre a despedida do Benfica, relembrar «Noites europeias» como aquela da meia-final com o Marselha pela voz de Mozer e saber como era o tempo de Eriksson. Mas este livro não se fica por aqui. Reaviva duelos sentimentais com F.C. Porto e Sporting, e quase termina na última grande conquista encarnada, o campeonato nacional. «Quase», porque a última página é também a despedida de Rui Costa. Para sempre.
Não se engane o leitor. Este livro não se trata de um jornalista a escrever memórias. Trata-se de grandes futebolistas a contarem estórias. Chama-se «Pela mística dentro» e já se encontra à venda.