Loucura em Kaliningrado. A Espanha teve por duas vezes a perder diante de Marrocos, mas conseguiu empatar, com o segundo golo marcado já em tempo de compensação. Um golo que foi invalidado em primeira instância, pelo auxiliar, por alegado fora de jogo, mas que acabou depois por ser validado pelo VAR. Um golo que permitiu à Espanha recuperar o primeiro lugar no grupo, uma vez que praticamente ao mesmo tempo, em Saransk, Portugal também consentia o empate diante do Irão (1-1). Depois de muitas cambalhotas, acabou por ficar tudo na mesma. A verdade é que Marrocos aplicou a mesma intensidade que já tínhamos visto no jogo com Portugal e a equipa de Hierro sentiu tremendas dificuldades para não perder este jogo.

Confira a FICHA DO JOGO

Uma classificação que andou aos saltos ao longo do jogo. Marrocos marcou primeiro, a Espanha empatou logo a seguir, mas Portugal marcou em Saransk. Ao intervalo A equipa de Fernando Santos era líder. Já na segunda parte, os marroquinos voltaram a marcar e reforçaram as pretensões dos portugueses, mas em tempo de compensação, tudo mudou, com um golo para a Espanha e outro para o Irão. A Espanha acaba por garantir o primeiro lugar, mas Hierro vai com certeza ficar com as orelhas a ferver.

O selecionador espanhol promoveu apenas uma alteração em relação ao onze que tinha vencido o Irão, colocando Thiago Alcántara ao lado de Busquets em detrimento de Lucas Vasquez. Hervé Renard também não mexeu muito em relação ao jogo com Portugal, lançando apenas Saiss para o eixo da defesa, em detrimento do capitão Benatia. Como era expectável, a Espanha entrou no jogo com uma elevada posse de bola, mas longe da baliza de Munir e, mais do que isso, sem pressa em lá chegar. Parecia mais uma estratégia de desgaste do adversário do que propriamente uma procura de ganhar vantagem no marcador. Marrocos, por seu lado, fechava bem os caminhos para a sua área, com Boussoufa e El Ahmadi a varrer a zona central à frente dos centrais e procurava sair com transições rápidas.

Um jogo, portanto, com uma toada morna, com os espanhóis com uma confiança assente no primeiro lugar do grupo, reforçada com a perspetiva de que o empate serviria sempre para chegar aos oitavos. Foi nesta altura, aos 14 minutos, que Iniesta fez um passo curto para Sergio Ramos, mas o central estava de costas e não viu. Iniesta ainda tentou emendar a mão, mas Boutaib já tinha saído disparado, invadiu a área e bateu De Gea como quis. O alarme disparou entre os espanhóis. A liderança estava perdida e, ainda sem golos em Saransk, a Espanha tinha mesmo a qualificação em risco. O ritmo de jogo subiu desde logo de forma visível, com Iniesta, ciente do erro cometido, a levar toda a gente para a frente. Foi o próprio Andre que construiu o lance do empate, cinco minutos depois do golo marroquino, combinando com Isco, antes de descer à linha de fundo para servir o médio do Real Madrid para o empate.

A Espanha voltava a relaxar, até porque era de novo líder, mas Boutaib voltou a fazer subir as pulsações dos espanhóis quando, na sequência de um lançamento rápido, voltou a surgir destacado na área, mas desta vez De Gea fez bem a mancha. A Espanha voltava a jogar a passo e chegaria ao intervalo em segundo lugar do grupo, graças a um grande golo de Quaresma no final da primeira parte em Saransk.

A Espanha não estava bem, isso era visível, mas Hierro manteve a confiança no onze inicial. A Espanha tinha mais bola, é verdade, mas não conseguia criar perigo e, por outro lado, sentia tremendas dificuldades sempre que Marrocos acelerava o jogo. Marrocos, recordamos, já estava eliminado e até já tinha marcado um golo [ o anterior tinha sido em 1998], mas queria mais. Diante desta Espanha amorfa, a equipa africana acreditou que podia mesmo ganhar. Amrabat fez primeiro um aviso, com uma bomba que deixou De Gea com os olhos tortos, co m a bola a ir à trave, ao poste e ao solo, mas sem entrar. A Espanha criava oportunidades apenas em lances de bola parada, mas com o jogo empatado, nunca se afligiu até que, a dez minutos do final, Marrocos marcou mesmo. Na sequência de um pontapé de canto, En Nesyri, acabado de entrar, saltou mais alto do que Sergio Ramos e bateu De Gea.

Um golo que permitia a Marrocos ultrapassar o Irão, mas que voltava a ameaçar a qualificação espanhola. Depois, como já dissemos, tudo mudou em tempo de compensação. O Irão empatou em Saransk e, quase em simultâneo, Iago Aspas, de calcanhar, na sequência de um canto curto, empatava em Kaliningrado. Um golo que foi, em primeira instância, invalidado pelo auxiliar, mas que acabou por ser confirmado pelo VAR. A Espanha voltava, assim, mesmo no final do jogo, ao topo da classificação, abrindo portas para um embate com o anfitrião deste Mundial. Com cinco golos consentidos e seis marcados, La Roja segue para os oitavos.