Formar pessoas capazes de transmitir aos árbitros de campo informações precisas com recurso ao vídeo foi o tema principal do encontro que se realizou em Nova Jérsia sob a chancela da Internacional Football Association Board (IFAB).

Portugal foi um dos seis países interessados na ideia e que compareceu nos testes que se realizaram entre os dias 19 e 21 de julho, ou seja, terminaram na quinta-feira. Os outros foram Austrália, Brasil, Alemanha, Holanda e Estados Unidos. No caso português a ideia passa por introduzir o vídeo-árbitro nas competições paralelas ao campeonato: Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça. A primeira experiência, ainda offline, será no Benfica-Sp. Braga de Aveiro, a 7 de agosto.

Este foi o segundo encontro com este tema (o primeiro decorreu em Amesterdão), mas teve uma nuance: centrou-se muito mais na formação das pessoas que se terão a função de vídeo-árbitro. Esse é, de resto, um dos pontos que a organização mais foca.

«É um sistema complexo. Muitos pensam que é só colocar uma pessoa em frente a uma televisão e isso vai resolver todos os problemas do futebol…Não é assim. Isto é um desafio grande, é preciso perceber o que se pode rever, o que é preciso rever, quão rapidamente se pode rever», afirmou David Ellaray, diretor técnico da IFAB.

A linguagem a utilizar, por exemplo, foi um ponto muito debatido. David Ellaray explica: «Temos de garantir que a comunicação é eficiente, clara, que o árbitro receba o máximo de informação possível, mas não seja um exagero, que o possa confundir, porque, no fundo, o que é preciso conferir é se o árbitro não cometeu um erro grave.»

E quem pode desempenhar estas funções? «Na teoria, os árbitros de vídeo podem ser qualquer um que tenha arbitrado ao mais alto nível, estejam ou não ainda no ativo. Mas precisam de outras capacidades. Têm de estar à vontade com tecnologia, falar claramente, manter a calma e ter a capacidade de perceber através de um vídeo o que aconteceu. Nem todos o conseguem fazer facilmente», rematou.

Neste workshop, que incluiu testes em tempo real, foi permitido aos intervenientes ouvir as comunicações entre o vídeo-árbitro e o árbitro de campo.

Lukas Brud, secretário da IFAB, explicou: «É importante que a comunicação seja muito clara e percetível. Não interfira com as restantes comunicações entre todos os árbitros de campo e seja percetível quem está a falar com quem, nomeadamente em situações críticas, em que o árbitro de campo precisa da ajuda do vídeo.»

Jeff Aggos, vice-presidente da Major League Soccer e antigo jogador, considera que «jogadores, treinadores e árbitros» vão estar «de braços abertos» para acolher este sistema. «Querem é que as decisões sejam rápidas e corretas», frisou.