O Rio Ave tem esta quinta-feira uma oportunidade histórica de chegar ao play-off da Liga Europa. O primeiro passo foi dado na Suécia, ao vencer o IFK Gotemburgo por 1-0 na primeira mão, mas ainda falta a segunda-mão, agora disputada em Vila do Conde. Yago Fernandez, central português do Oriental, que foi campeão sueco ao serviço do Malmo e jogou também pelo Hacken, diz que o IFK é uma equipa ao alcance dos vilacondenses, mas avisa que é preciso ter cautelas.

«Em termos de qualidade, o Rio Ave é melhor do que o IFK, mas é preciso cuidado com o excesso de confiança. Se o Rio Ave entrar em campo a pensar que a eliminatória já está ganha, poderá ter muitos problemas», disse o central português ao Maisfutebol.

«É preciso não subestimar o adversário ao pensar que vem de um campeonato mais fraco. O futebol sueco já não é baseado nos avançados de dois metros e bola para a frente. Quando eu lá cheguei, em 2010, já estava a mudar para um jogo muito mais técnico. Há dois anos, quando voltei para jogar no Hacken, já notei uma grande evolução», frisou.

A questão física pode ser um handicap para a formação portuguesa. «O IFK já está a meio da época, mas o Rio Ave ainda só fez um jogo oficial. Isso pode acabar por pesar em campo», explicou Yago Fernandez, e a verdade é que, na segunda parte do jogo na Suécia, os rioavistas tiveram uma notável quebra física, que pode ser explicada precisamente pela falta de ritmo competitivo.

Outra faceta importante é a questão psicológica. «Eles lidam muito bem com a pressão. São frios, calculistas, não se deixam abater facilmente», avisou, realçando que, «para uma equipa sueca, disputar a Liga Europa é um feito muito importante». «Desde o jogo da semana passada que a concentração da equipa não está no campeonato, mas na segunda mão com o Rio Ave. É assim na Suécia».

Para chegar a esta eliminatória da Liga Europa, a formação sueca já superou os luxemburgueses do Fola e os húngaros do Gyor nas duas primeiras pré-eliminatórias da competição. Nos jogos em casa com ambas as equias, o Gotemburgo somou um empate e uma derrota e só progrediu graças às duas vitórias fora. Frente ao Rio Ave, o IFK também perdeu em casa, mas as estatísticas anteriores deixam antever uma complicada segunda mão para os vilacondenses em casa. Este factor, para Yago Fernandez, não parece ser determinante. «Essas duas equipas são mais fracas. Não há razão para o Rio Ave ter problemas em passar o IFK, desde que tenha a atitude correta em campo», frisou, mas alertou para um nome: «O ponta de lança Lasse Vibe marca golos que se farta».

O fim do mito do Ullevi e o entusiasmo pelo hóquei

Quando Yago Fernandez chegou à Suécia, em 2010, já pouco sobrava do mito do grande IFK, do clube que venceu a extinta Taça UEFA por duas vezes na década de 80, que venceu 18 campeonatos suecos, que enchia o antigo Ullevi. «Agora os grandes clubes, os maiores candidados ao título são o Malmo e o AIK. O IFK também se intromete na luta pelo campeonato, mas tem um ano bom e um ano mau», explicou o português.

«Aliás, já nem sei se o IFK é o clube mais importante da cidade de Gotemburgo porque o Hacken tem estado mais forte nos últimos anos», realçou.

Esta é umas das explicações para que no Gamla Ullevi, um estádio com capacidade para mais de 18 mil pessoas, terem estado cerca de 7 mil no encontro da primeira mão. «Se fosse em Malmo estariam 25 mil», garantiu Yago Fernandez. A outra explicação vem da rivalidade com outro desporto: o hóquei. «É o principal desporto da região e o que move mais adeptos».

É preciso recuar a 2007 para encontrar a última vez que o IFK foi campeão nacional. Os títulos europeus datam de 82 e 87. Ainda assim, os suecos não vão a Vila do Conde dispostos a facilitar a vida ao estreante europeu Rio Ave.

[artigo original: 08h00]