O relato começa pelo fim. Descontos do jogo, com um resultado que continuava a dar subida a Tondela, mas fazia o título fugir para Chaves. Livre à entrada da área e execução sublime de André Carvalhas. 1-1. O título voltava para as mãos da equipa de Quim Machado, em Chaves chorava-se um golo que fez a equipa tombar de primeiro para terceiro.
 
Quando se perspetivava uma festa tímida verde e amarela, Carvalhas fez saltar a tampa aos cerca de mil adeptos do Tondela que se deslocaram a Freamunde.
 
O Tondela é campeão. Da II Liga e do sofrimento. Poucas equipas terão conseguido subir à Liga sem vencer nenhum dos últimos cinco jogos!
 
Conseguiu-o o Tondela, que chegou a esta jornada sabendo que quase todos os cenários lhe davam a subida. Até em caso de derrota, como esteve quase a acontecer. Esticou a corda ao máximo a equipa de Quim Machado mas esta não rebentou.
 
E tudo num jogo que deveria ter sido bem mais tranquilo para o Tondela mais não fosse pela expulsão de Mesquita logo aos 11 minutos. Uma decisão deveras exagerada de Jorge Sousa. Se nada há a dizer no primeiro cartão, o segundo por uma falta que existe mas não é dura pareceu um excesso de zelo.
 
Apesar dessa contrariedade, o Freamunde reagiu muito bem. O Tondela jogava com dois resultados que lhe serviam e não carregava muito. Aproveitava a equipa da casa para criar perigo.
 
Com um trio de avançados muito possante, formado por Jô (belo jogador), Ansumane e Djim, a equipa de Filó fez pela vida e teve as melhores ocasiões da primeira parte. Sobretudo um cabeceamento de Jô que rasou o poste da baliza de Cláudio Ramos.
 
Do outro lado apenas Tozé Marreco ficou perto de marcar, também de cabeça, também ao lado.
 
Da depressão à euforia
 
O segundo tempo, altura em que o jogo ficou decidido, foi, curiosamente, o melhor do Tondela. Pelo menos até sofrer.
 
Quim Machado acalmou a equipa no descanso e os seus homens entraram melhor na segunda metade. Controlaram o jogo, passaram a jogar mais tempo no meio campo do adversário mas nem por isso criaram muito perigo.
 
O Freamunde resistia com dez e, num contra-ataque, desferia o golpe que não tirava o Tondela da subida mas fazia o título de campeão fugir para Chaves.
 
Foi Ansumane o autor do golo, a vinte minutos do fim, finalizando um contra-ataque rápido.
 
Parecia tudo feito mas veio, então, o tal momento de génio de André Carvalhas. Huguinho foi expulso com segundo amarelo, o Freamunde acabou com nove e o Tondela festejou. Pela primeira vez está entre os grandes do futebol português.