Na última convocatória dos sub-18 por parte de Emílio Peixe, constam três luso-franceses: Frédéric Maciel (F.C. Porto), Mickaël Meira (Sporting) e Alexandre Frade (Nantes). Embora os dois primeiros já tenham voltado a Portugal há alguns anos, Ilídio Vale acha que essas escolhas «não são obra do acaso». «É sinal que estamos atentos a todos os jovens portugueses», acrescenta o seleccionador dos sub-20.

Dos três nomes citados, apenas Alexandre Frade joga no estrangeiro, nas camadas jovens do Nantes. «Foi observado no ano transacto num torneio em França. Agradou-nos e convidamo-lo a fazer um estágio para conhecê-lo melhor», conta Ilídio Vale, reconhecendo: «Em todo o mundo temos luso-descendentes com qualidade, e não é para desperdiçar este potencial. Somos um país pequeno, temos que contar com todos os jogadores dispostos a jogar para Portugal. Procuramos sempre os melhores»

Luso-descendentes: o arrepio em cada nota do hino

Há uns anos não se contava luso-descendentes (para não confundir e não criar polémica, neste artigo é considerado como luso-descendente um filho de emigrantes portugueses) nas convocatórias das selecções jovens portuguesas. Por razões demográficas (as comunidades aumentam) e desportivas (últimas performances de Portugal), há cada vez mais jovens com raízes lusas.

Os membros da federação não fazem muitas deslocações. «Recebemos informações, visionamos jogos, ligamos aos treinadores no país». Ilídio Vale reconhece que este trabalho tem de melhorar: «Tentamos aperfeiçoar os mecanismos de observação, conhecer melhor o jogador, fazer uma análise técnica, táctica e mental. É preciso conhecê-lo como homem e não só como futebolist».

«Não usamos subterfúgios para atraí-los»

Através dos estágios, os seleccionadores tentam «fazer conhecer quem nós somos e o que pretendemos», diz Ilídio Vale. Foi assim que Alexandre Frade integrou os quadros da Selecção. E pode ser uma maneira de integrá-lo na cultura da selecção portuguesa. «Mas de maneira nenhuma forçamos o jogador a escolher Portugal. Não usamos subterfúgios. É uma decisão livre que temos de respeitar», diz.

Nem só os franceses são alvos dessa prospecção. Que o digam Cédric Soares e Mika, que nasceram respectivamente na Alemanha e na Suíça, ambos vice-campeões do Mundo de Sub-20. Apenas estamos no início de uma nova geração de jogadores que serão confrontados a escolha entre Portugal e os países que lhe viram nascer, crescer e evoluir.