O presidente do Sindicato de Jogadores de Futebol Profissional disse, esta quinta-feira, existirem «grupos identificados» que promovem a vinda de futebolistas estrangeiros para Portugal em situação ilegal, cujo único interesse é a mais-valia financeira gerada pela transferência.

A declaração de Joaquim Evangelista surge na sequência de uma reunião no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, solicitada após o organismo ter identificado vários casos de ilegalidade numa fiscalização realizada no final de 2014 a clubes e associações da zona Centro do País.  

«O que é grave é que há grupos identificados a promover isso, agentes que trazem oito, nove, dez jogadores, colocam-nos num local em condições desumanas e há clubes que são coniventes com essa realidade. O negócio, vamos ser claros, é a realização de uma transferência», considerou, sublinhado que este tipo de situação não é um exclusivo dos campeonatos não profissionais.

«Estou a falar das ligas profissionais também, os jogadores quando são transferidos são normalmente para clubes de patamares superiores, há pessoas nesse nível que pactuam com isto, fazem parte da cadeia», apontou.

Recorde-se que, já durante este mês de fevereiro, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras deteve três cidadãos e notificou outros 105 para abandonarem território português, devido à ausência de documentação necessária para a prática desportiva e residência em Portugal.

O dirigente acredita que os dados relevados pelo SEF podem contribuir para lançar o alerta junto dos agentes do futebol para este tipo de situações que tendem a proliferar pelos campeonatos.

«Diria que, por cada caso que é identificado, haverá 100 ou 200 que não o são», vincou, avançando, também, com ações preventivas que possam fazer frente a este flagelo.

«Uma das coisas que pode ser feita é criar uma estrutura de acompanhamento destes casos, envolvendo o sindicato, eventualmente a federação e a liga e o SEF e nesse caso o que propomos é que seja feita regularmente uma análise dos casos, denunciando até as pessoas que estão envolvidas nesta prática», concretizou.

Recorde-se que, na sequência do sucedido, a Federação Portuguesa de Futebol vai proceder a alterações no regulamento de inscrições e transferências de jogadores, passando a exigir a apresentação de documentos que confirmem a legalidade da permanência de cidadãos estrangeiros em Portugal.