O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

VITINHA, LUDOGORETS RAZGRAD (BULGÁRIA)

«Olá a todos,

Cá estou eu uma vez mais, como todo o prazer. As coisas aqui na Bulgária continua a correr bm, como vem sendo hábito. Vamos vencendo no campeonato e estamos no primeiro lugar, com seus pontos de vantagem sobre o segundo.

Para além disso, vamos acabar na frente do nosso grupo da Liga Europa. Na jornada anterior vencemos o PSV Eindhoven e temos 13 pontos (quatro vitórias e um empate), quando nos falta apenas um jogo frente ao Dínamo de Zagreb.

Mas isso é o que tem sido mais falado. Hoje vou contar-vos uma história menos conhecida e que foi marcante. Podia ser engraçada, mas infelizmente não foi.

No sorteio da Taça da Bulgária calhou-nos uma visita ao Beroe, uma equipa difícil, sobretudo jogando em casa. Tem algum portugueses como o David Caiado e o Élio Martins.

O primeiro jogo foi no nosso estádio, eles começaram melhor e estiveram a vencer. Porém, conseguimos virar o resultado antes do final do jogo e lá ganhámos por 2-1.

A parte curiosa surgiu no jogo seguinte. Fomos a Stara Zagora, cidade onde o Beroe é o clube mais conhecido, e chegámos no dia anterior para estagiar. Nesse mesmo dia realizámos um treino, mas quando chegámos ao local estavam lá cerca de vinte adeptos do Beroe.

Quando saímos do autocarro, tivemos de passar pelo sítio onde estavam esses adeptos, sem grades nem nada a separar. Estavam lá apenas dois polícias. Insultaram-nos, cuspiram, enfim, todo o tipo de provocações.

Sem responder, fomos para o relvado. O treinador chamou todos os jogadores para a habitual palestra, para discutir o que iríamos fazer na sessão, e foi nessa altura que os adeptos começaram a atirar pedras e algo como umas bombinhas que explodiam e faziam um barulho que mais pareciam petardos.

Claro que tentámos dizer para eles pararem com aquilo, mas isso só serviu para que os adeptos ficassem mais eufórico ainda. Até que um deles entrou disparado no relvado e veio direito a nós. Uma pessoa da nossa equipa conseguiu segurá-lo e levou o adepto para a entrada. Porém, caiu e acabou por levar porrada dos restantes seguidores do Beroe.

Quando vimos isso, fomos todos a correr para ajudar e isso originou conflitos. No fundo, era o que eles queriam. Infelizmente, um jogador nosso teve de ir ao hospital na sequência disso, tal como um dos nossos técnicos, que ficou com uma queimadura provocada pelas tais bombinhas.

A situação só acalmou quando chegou mais polícia ao local. Os adeptos fizeram tudo para nos intimidar porque o Beroe não está bem classificado no campeonato e a Taça seria uma boa forma de chegar novamente à Equipa. Ainda por cima, eles são os detentores do troféu.

Mas essa pressão só nos deu ainda mais força e acabámos por empatar lá por 1-1, seguindo em frente na prova. São coisas que, infelizmente, ainda aconteceu no futebol.

Claro que o Beroe não teve nada a ver com isto. Continua a ser uma boa equipa, um clube com uma bela tradição no futebol búlgaro e que, no seu estádio, consegue criar um verdadeiro clima de jogo grande. Merecerem todo o respeito pela paixão que sentem pelo clube, mas esse foi um episódio que de facto aconteceu.

Até breve!

Vitinha»