Cristiano Ronaldo não teve a vida fácil em Inglaterra após o Mundial da Alemanha. O conflito com Wayne Rooney e a fama de «mergulhador» originaram uma onda de antipatia com repercussões surpreendentes: o jogador português foi muito maltratado pela imprensa e público, mas está a fazer a sua melhor temporada de sempre.
Em conversa com Keith Hackett, «patrão» dos árbitros profissionais de Inglaterra, tentámos saber se, de alguma forma, os seus subalternos partiam para os encontros já alertados das manhas do extremo, mas a resposta foi tudo menos altiva. «Não, nada disso. Ele é fantástico, mas há uma ressalva importante a fazer: o público não gosta de o ver no chão. Ele não é um típico jogador inglês, segura bem a bola, chuta com os dois pés... enfim, é muito bom, mas de pé (risos).»
A panóplia de elogios não se fica por aqui. «Vejo o meu neto e outros miúdos a tentar copiá-lo, o que deve ser fenomenal para ele. Dá-nos problemas, ocasionalmente, mas é um prazer tê-lo a jogar no meu país», acrescentou. Insistimos então na teoria da conspiração inglesa contra Cristiano Ronaldo e Keith Hackett lá admitiu alguma dificuldade no ajuizar de lances onde o português é protagonista. Tudo devido à sua «imprevisibilidade».
«Para os árbitros é muito complicado lidar com um jogador como ele. Tem a bola em sua posse durante largos períodos do jogo e a imprevisibilidade do seu jogo confunde o árbitro. Quando ele acelera pela linha e, de repente, trava, o árbitro perde o contacto visual. É difícil acompanhá-lo.»
«Não há nada nas leis que impeça um jogador de «mergulhar»
E quando se esperavam algumas críticas de Keith Hackett aos «mergulhos» de Cristiano Ronaldo, eis que surge uma visão, no mínimo, cordial. «Não há nada nas leis do jogo que impeça um jogador de «mergulhar». Como em Inglaterra se joga a grande velocidade, os atletas atiram-se para o chão de forma a evitar o choque com um defesa ou com o guarda-redes. O que temos de fazer é educar o público e explicar que ele faz aquilo para se proteger», asseverou o director-geral da empresa gestora da arbitragem profissional em Inglaterra.
«Temos números que provam que nos últimos seis anos os jogadores começaram a simular cada vez menos e parece-me que mesmo com o Cristiano Ronaldo este fenómeno é aplicável.»