Esteio da defesa do Nápoles há cinco anos, Kalidou Koulibaly abriu o coração num denso testemunho em declarações ao The Players Tribune.

Entre as várias histórias recordadas, com episódio de racismo pelo meio, o jogador senegalês recordou o nascimento do filho, num dia de jogo e numa altura em que os napolitanos eram treinados por Maurizio Sarri.

«A minha mulher deu entrada na clínica de manhã e nós jogávamos em casa com a Sassuolo nessa noite. Estávamos numa sessão de análise de vídeo e o meu telemóvel não parava de vibrar. Normalmente desligo-o, mas estava preocupado com a minha mulher. Ligou-me cinco ou seis vezes. Sarri é um homem muito intenso, por isso não quis atender. Depois, saí, agarrei no telemóvel e a minha mulher disse-me: 'Tens de vir já. O nosso filho está a nascer'.»

Koulibaly dirigiu-se ao técnico italiano e pediu-lhe autorização para se ausentar. Sarri respondeu que não: precisava dele, mas o senegalês insistiu. «É o nascimento do meu filho, mister. Faça o que quiser: multe-me, suspenda-me, não quero saber. Eu vou.»

Sarri lá deu luz verde ao jogador, mas reiterou que precisava dele para o jogo com a Sassuolo.

Às 16h00, já depois do nascimento do filho, Koulibaly recebeu uma chamada de Sarri. «Já estás a voltar? Preciso de ti! Preciso de ti! Por favor.»

Koulibaly deixou a esposa e o filho e seguiu para o estádio, onde se deparou com uma surpresa desagradável.

«Estou a preparar-me para jogar e Sarri entra no balneário e entrega a ficha de jogo. Olho, olho, olho... e o meu número não está lá. 'Mister, está a brincar comigo?'»

Sarri respondeu que a decisão era dele e que Koulibaly era afinal necessário... no banco. «Quando penso nisso agora, dá-me vontade de rir. Mas naquela altura queria chorar.»

Koulibaly usava o episódio para tentar explicar o que gosta no Nápoles... e em Nápoles. «Talvez possam achar que é uma história negativa. Mas para mim esta história é tudo o que eu adoro sobre Nápoles. Se eu explicar, vocês não vão entender. É como tentar explicar uma piada. Têm de vir à cidade e depois vão senti-lo. É louca, sim. Mas é calorosa», disse.