O mercado de Inverno fechou mas ainda tem que contar. Já fora de tempo, Patrice Evra. Sem jogar desde aquele pontapé em Guimarães, o francês foi a última surpresa de um mercado de inverno que teve muitos milhões a circular e muitos recordes, mas também histórias sem fim. Algumas bem estranhas, como estas que o Maisfutebol encontrou numa volta pelo mundo na ressaca do mercado. Quem já ouviu falar por exemplo de Mix Diskerud e da sua contratação pelo Manchester City?

A Evra não o vemos num relvado desde aquele 2 de novembro, quando foi expulso ainda no aquecimento depois de pontapear um adepto, respondendo a provocações da bancada. Foi imediatamente suspenso pelo clube e rescindiu uma semana mais tarde. Em cima disso foi castigado com sete meses de suspensão pela UEFA, ainda em curso. Mas o lateral que começou por se destacar no Mónaco e fez carreira em nove épocas no Manchester United, a que se seguiu a Juventus, tinha ainda mais uma cartada para jogar: o regresso a Inglaterra aos 36 anos, para jogar pelo West Ham, com contrato até final da época.

Bem mais discreta foi a chegada de Mix Diskerud ao Manchester City. Quem? Onde?

Boas perguntas. Pois bem, trata-se de um médio de 27 anos de origem norueguesa mas internacional pelos Estados Unidos. Assinou por quatro anos e meio com o Manchester City no final de janeiro. Mas não foi o clube orientado por Pep Guardiola quem o anunciou, foi... a marca que o patrocina.

Diskerud era jogador do New York City FC, clube do universo do Manchester City. Depois de terminado o contrato com os norte-americanos tornou-se portanto jogador do City de Manchester. Mas pouco. Não foi integrado no plantel e, por agora, a ideia é treinar com o Gotemburgo. A pedido do clube sueco, segundo informou o empresário do jogador.

As voltas do futebol moderno.

Mas pronto, deixemos Diskerud e o seu cachecol do City e sigamos para outra história dos tempos modernos. Barkley Miguel-Panzo não é nome que muitos reconheçam. Pelos vistos os dirigentes do FK Panevezys, da Lituânia, também não. Vai daí, quando anunciaram o jogador fizeram pesquisa. E informaram que Barkley tinha sido jogador do Queens Park Rangers, em Inglaterra, e também internacional angolano. Estava na Wikipedia, mas não era verdade, nem uma coisa nem outra.

A história correu mundo, claro, a fazer muita gente recordar o embuste mítico que foi Ali Dia, o «primo» de George Weah que chegou à Premier League. Está aqui a história.

Os responsáveis do FK Panevezys vieram depois dizer que não era bem assim. Dizem que o jogador foi contratado depois de observado e admitem apenas ter cometido o erro na referências às internacionalizações por Angola, sem referirem a «passagem» por Inglaterra e pelo QPR.

Mas a transferência mais contra-corrente destes tempos é provavelmente a de Ryan Williams. O nome pode não querer dizer grande coisa, mas dá uma pista. Ryan é inglês, do país que é o grande comprador do mercado do futebol. Inglaterra é destino, o sonho de qualquer candidato a jogador. Pois bem, Williams fez o caminho inverso. Foi jogar... para o Brasil.

Médio, 26 anos, Williams teve uma carreira discreta no futebol britânico, com passagens por Morecambe, Brentford ou Inverness (pois, a Wikipedia...). Depois foi para o Canadá, jogar numa das ligas secundárias norte-americanas pelos Ottawa Fury. E agora assinou por três meses pelo Paysandu, da Serie B.

Foi apresentado no final da semana, e explicou que o futebol brasileiro sempre o fascinou. «Gosto do futebol sul-americano. Assisto desde que tinha uns 13/14 anos. Lembro de jogadores como Robinho, Diego (Ribas), quando jogavam no Santos. Tenho esse fascínio pelo futebol brasileiro. Já conhecia o Paysandu porque, quando eles enfrentaram o Boca Juniors, pela Copa Libertadores, eu tinha cerca de 11 anos e assisti pela televisão, na Inglaterra», contou, citado pelo Globoesporte.

Não foi por falta de escolha, garante Williams: «Eu sei que não foi uma transferência rotineira. Na minha carreira eu nunca escolhi a opção mais fácil. Quando recebi a oferta do Paysandu, foi algo que não pude recusar. Não teria sido um problema para mim continuar na Europa, tinha várias propostas. O meu agente apresentou-me opções na Holanda, em Israel, boas opções. Também poderia ter ficado nos Estados Unidos, mas, para mim, a coisa mais importante no futebol é a paixão, ver a paixão dos adeptos. Foi isso que me trouxe ao Paysandu.»

Até onde a paixão levará Williams no Brasil, logo se verá. Por agora assinou por três meses. Pouco tempo, mas ainda assim uma eternidade se a comparação for Andrés Romero, o jogador que durou dois dias no novo clube antes de... terminar a carreira.

Pois. Romero é argentino, tem 28 anos. Começou no Argentinos Juniors, fez parte da carreira no Brasil e passou as últimas épocas no Montreal Impact, com quem terminou contrato. Seguiu-se o regresso ao seu país, para jogar no San Martin de San Juan, na primeira divisão argentina. Fez dois treinos, foi a casa e... não voltou. Aliás, terminou a carreira.

Foi através do Instagram que fez o anúncio, inesperado para todos no clube onde tinha chegado. «Escolho a minha família e encarar outros projetos de vida», escreveu. Sem referência aliás ao San Martin. Os agora ex-colegas ficaram sem perceber o que se passou. «Foi uma surpresa, mas é uma decisão pessoal. Não nos afecta porque só esteve dois dias com o plantel e no clube. Há que respeitar, ele terá as suas razões», disse ao «Diario de Cuyo» o capitão do San Martins, Luis Ardente.

 

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