O que têm em comum Vítor Baía e Petr Cech, para além de terem ganho nos últimos dois anos os prémios de melhores guarda-redes da Liga dos Campeões? Ambos foram treinados por Silvino Louro, um homem que nesta quinta-feira não esconde o orgulho por ter como discípulos dois dos melhores «keepers» do Mundo.
Silvino, que foi para o Chelsea com José Mourinho, vê assim o seu trabalho reconhecido e confessa que isso o deixa «muito orgulhoso»: «É um motivo de orgulho para mim trabalhar com guarda-redes que são os melhores da Europa. Estes prémios acabam por ser também um reconhecimento pelo trabalho que faço diariamente», disse ao Maisfutebol.
«São dois grades guarda-redes, do melhor que há no Mundo, independentemente de o Vítor ter 35 anos e o Petr 23. O Vítor tem a seu favor a experiência, mas ambos têm muito valor», considerou.
O treinador do Chelsea não quer estabelecer comparações entre os dois, mas encontra um ponto em comum: a personalidade forte, uma qualidade que no seu entender é determinante para que se possa chegar ao topo.
Uma questão de personalidade
«O Vítor tem uma personalidade forte. Ele já era reconhecido pelo que tinha feito no F.C. Porto, na selecção e também no Barcelona, mas nunca perdeu a ambição. Além disso, estava numa equipa como o F.C. Porto que depois do que tinha feito na época anterior ainda conquistou o que conquistou e continuou sempre a trabalhar para chegar mais longe», analisou. Esta atitude aliada às suas qualidades técnicas, fazem com que considere Vítor Baía como «um dos melhores do Mundo».
Cech é mais novo e tem uma carreira diferente mas, no seu entender, tem também uma mentalidade que acaba por fazer a diferença: «Apesar de ter estado com na selecção da Republica Checa vinha de uma equipa pequena e não foi fácil chegar ao Chelsea, agarrar a titularidade e relegar para o banco aquele que tinha sido considerado o melhor guarda-redes da Premier League. Tem uma personalidade muito forte apesar dos seus 23 anos».
Silvino deixa, porém um aviso: «Este ano o Petr ganhou o prémio e é inegável que isso me deixa muito orgulhoso, mas isso não invalida que ele não continue a trabalhar mais para continuar a ter êxitos individuais e colectivos, porque é esse o objectivo».
O Maisfutebol quis saber se existe uma «táctica» infalível para treinar guarda-redes que acabam por merecer as mais altas distinções. Silvino explicou o segredo do sucesso: «O meu trabalho é pedir cada vez mais, sem que isso signifique o aumento da carga física. Estes prémios motivam-me, dão-me mais força para trabalhar, para estudar e para inovar, porque a pior coisa que pode acontecer a um treinador é parar no tempo. Há que estudar, aprender novos métodos, porque os guarda-redes não gostam de repetir sempre os mesmos exercícios. É preciso mudar. Por isso estou sempre atento a novas realidades, a novos métodos e ao que se faz noutros países».