Cédric Soares foi esta terça-feira apresentado como embaixador da Next Level: trata-se de um projeto que apoia jogadores que não queiram deixar de estudar.

Basicamente direciona-se aos jovens, sendo que os ajuda a completar o 12º ano enquanto continuam a jogar. Em casos específicos, leva até os miúdos para os Estados Unidos, onde são inscritos nas universidades locais, beneficiando do estatudo especial de atletas, que lhes permite licenciarem-se enquanto jogam nas ligas universitárias.

Depois, e com um canudo na mão, podem voltar à Europa ou dar o salto para a MLS.

Nesta altura, e em apenas dois anos, já levou vinte jovens para os Estados Unidos, estando a preparar mais cinquenta para seguirem o mesmo caminho. Está a trabalhar também em Portugal com três miúdos da formação do Sporting e com um do Benfica.

Mas tem exigências, claro: não podem por exemplo ter médias inferiores a 12 valores.

«Passei por um pouco do mesmo, vi colegas meus em grandes dificuldades, porque não podem ser todos jogadores de futebol. Vi colegas até com mais qualidade futebolística do que eu a não conseguirem ser jogadores porque não tinham a maturidade ou a estabilidade emocional para dar o passo em frente. Este projeto é muito bom porque permite aos jogadores estudar e ter outra saída no caso de a vida de futebolística não dar certo», começou por dizer Cédric.

«Como disse, muitos amigos meus não conseguiram ser jogadores, outros apareceram muito mais tarde, porque não têm a maturidade necessária quando são jovens, e aparecendo mais tarde não conseguem chegar a um patamar que lhes dê a independência financeira para ter um futuro risonho.»

Por isso Cédric quis associar-se a este projeto: ele que cumpriu um processo académico respeitável.

«Fiz a Escola Alemã até ao nono ano, depois fui obrigado a mudar porque tinha treinos de manhã e a Escola Alemã não ia abrir uma exceção para mim, infelizmente. Mudei-me para a Secundária de Alcochete, onde o Sporting tinha um protocolo.»

A formação escolar servia-lhe de Plano B no caso do futebol falhar: por isso levou as aulas sempre muito a sério. Até que passou a ter apenas um Plano A.

«Depois subi aos seniores do Sporting, fui o único da minha idade a fazê-lo. Fiz parte do plantel de Paulo Sérgio e isso era fantástico. Com campeonato, Taça de Portugal, Liga Europa, Taça da Liga, era impossível estudar. Ainda me matriculei, mas tive de suspender a matrícula. Quando se chega aos seniores do Sporting já só há Plano A.»

No entanto Cédric garante ter tido sempre uma grande vantagem: uma base familiar muito forte, que está sempre presente. Nem todos os miúdos que jogam futebol têm essa sorte. Por isso é tão importante a Next Level: um apoio que ajuda a fazer as escolhas certas.

«É impossível pedir a um miúdo de 19 anos que faça as escolhas corretas. Até pode ter mais qualidade do que um jogador de 25 anos, mas não tem a mesma maturidade e vai fazer muitas escolhas erradas», adianta Cédric.

«Se estivermos ligados ao futebol, começamos a ganhar dinheiro muito cedo. Se não tivemos maturidade tomámos as decisões erradas e vamos por caminhos errados. Se tivemos um apoio familiar forte, se tivemos professores que nos ajudam, se tivermos um apoio como este, podemos escolher os caminhos certos.»

Para terminar, Cédric recordou até um caso pessoal.

«Fui médio centro durante dez anos, era capitão de equipa, fui capitão da seleção nacional. Quando me mudaram para lateral direito tinha acabado de assinar o meu primeiro contrato profissional. Fazia parte do plantel um ano acima, jogava com colegas mais velhos. Mas faltava um lateral. Fui colocado nessa posição e as coisas correram bem», recorda.

«Fique muito aborrecido, na altura. Não queria ser lateral. Mas tive uma conversa com o mister Luís Dias, que me disse que ia podia ser um bom médio centro, mas ia de certeza ser um lateral de topo. Por isso concentrei-me em ser lateral e com a ajuda da minha família, que me apoiou muito, apostei nisso.»

É esse apoio que a Next Level quer dar, e Cédric apoia a iniciativa.