Há 14 anos, podia ter assinado pelo Barcelona e, agora, 13 clubes depois, está desempregado. Esta é a história de John Bostock, um médio de 28 anos que desde cedo foi apelidado de jovem promessa e chamou a atenção dos maiores tubarões europeus.

Foi mesmo o mais jovem a estrear-se com a camisola do Crystal Palace, com apenas 15 anos.

«Lembro-me que era muito novo para me mudar no mesmo balneário dos meus colegas porque ainda era menor», contou à BBC.

Um ano depois, rumou ao Tottenham a conselho da família e agente, embora reconheça de que não estava consciente da decisão que tomou.

«A minha família e o meu agente acharam que o melhor para mim era ir para o Tottenham. O plano, os jogadores com quem ia treinar, tudo. Eles achavam que seria o melhor para o meu desenvolvimento. Para ser honesto, eu realmente não tinha voz. Eu tinha 15 anos, vi o papel em cima da mesa e mandaram-me assinar», lembra.

Os dois emblemas ingleses não chegaram a acordo quanto ao valor da transferência e o caso seguiu para tribunal, onde foi determinado o pagamento de dois milhões de euros pelos spurs. Ainda adolescente, Bostock foi acusado pelos adeptos do Crystal Palace de querer mais dinheiro e chegou a receber ameaças de morte.

Nos Spurs, estreou-se com apenas 16 anos, num jogo da Liga Europa, e tornou-se o mais jovem a vestir a camisola da equipa principal. Ainda assim, numa equipa com «dois internacionais por posição», não encontrou espaço e voltou aos juniores.

Durante as cinco temporadas em que esteve no Tottenham, Bostock foi cedido ao Brentford, Hull City, Sheffield Wednesday, Swindon Town e Toronto FC.

«Começas a questionar-te 'sou realmente assim tão bom? Sou realmente um jogador incrível?'. Então começas a olhar para a opinião das pessoas sobre ti - é uma espiral perigosa para qualquer pessoa, especialmente no desporto, quando te começas a questionar», confessa.

Depois de deixar os spurs, em 2013, Bostock jogou na Bélgica e passou por Lens, Bursaspor e Toulouse, antes de voltar a Inglaterra, em 2019, cedido ao Nottingham Forest.

O maior arrependimento na carreira foi não ter assinado pelo Barcelona quando era visto como um miúdo maravilha.
«Quando eu tinha 14 anos, o Barcelona ofereceu-me um contrato de dez anos. O Ronaldinho era o meu jogador favorito na altura, então mandaram-me um póster assinado por ele. Ainda o tenho na minha casa em Londres», contou à BBC. 
Agora com 28 anos, John Bostock é um jogador livre e busca o 14º clube na carreira.